Um esforço pela proeminência do movimento docente
Desvinculação entre Diretoria e Conselho de Representantes da Adupe: um esforço pela proeminência do movimento docente
Por ITAMAR LAGES*
A ideia de desvincular o Conselho de Representantes da Diretoria será benéfica para o Movimento Docente, pois, este é, por natureza, uma expressão da ação política. Sem esta ação de caráter coletivo e classista cada docente é apenas um indivíduo cuja posição depende dos títulos e, cujos títulos determinam o padrão salarial. Com esta ação cada docente constitui a subjetividade da classe dos que vivem do trabalho imaterial de ensino, pesquisa, extensão e gestão acadêmica; vivem para lutar por condições dignas de trabalho e por uma UPE plenamente autônoma. Sem a ação coletiva o individualismo e a disputa entre pares podem prevalecer; com a ação política, embora seja difícil, é possível construir a solidariedade.
Com isso se quer dizer que cada docente deve se sentir interpelado em sujeito do Movimento Docente, e como tal lutar por sua existência e melhoria. A organização institucional dessa luta é da incumbência da Diretoria e do Conselho de Representantes, os quais são apenas dimensões do Movimento Docente. Assim sendo, Diretoria e Conselho de Representantes são apenas dimensões do Movimento Docente, e por isso devem resistir às tentações de serem instâncias burocráticas do Movimento Docente; devem resistir ao personalismo; devem ao mesmo tempo ser integrantes e promotores do Movimento Docente.
Com isso se pode dizer que a proposta de separação entre Conselho de Representantes e Diretoria aponta para o esforço de unidade dialética e de proeminência do Movimento Docente.
Essa proposta, em sendo aprovada e se tornando diretriz regimental da ADUPE vai fazer com que os docentes sejam convocados em um momento para o processo eleitoral da Diretoria; em outro, para eleger os membros do Conselho de Representantes. Isso é salutar, inclusive porque uma dimensão não precisa estar necessariamente em consonância política com a outra, mas sim com as bandeiras classistas do Movimento Docente.
Assim, em ambos os momentos, cada sujeito interpelado em Movimento Docente irá avaliar a condução das bandeiras da luta docente e, pelo voto, expressar seus interesses na existência e melhoria da ação sindical pela ADUPE.
Pelo atual Regimento da ADUPE o Conselho de Representantes é consultivo. Defende-se que continue assim. A Diretoria, nos limites das necessidades cotidianas de condução dos interesses de quem trabalha na docência, é deliberativa. Plenamente deliberativa é a Assembléia Geral, a qual pode ser reforçada pelas Assembleias setoriais. As Assembleias Geral e setoriais, ainda que organizados pela Diretoria em conjunto com o Conselho de Representante são o espaço do Movimento Docente.
Nesse processo de discussão e de voto a Política será cada vez mais reativada, e maiores serão as possibilidades de conquista de condições dignas de trabalho docente e de plena autonomia para a UPE para servir aos interesses da população, a partir dos que vivem socialmente excluídos do crescimento econômico.
Itamar Lages é professor da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (FENSG) e atual presidente da Adupe