Servidor da Saúde faz acordo e encerra greve – Publicada em 24.03.2006
Trabalhadores voltam ao trabalho hoje, após 20 dias de paralisação. Eles pediram que o plano de cargos seja reenviado à Assembléia
Depois de 20 dias, termina hoje a greve dos servidores da Saúde. O atendimento será normalizado nos ambulatórios, clínicas e emergências de todo o Estado. Quem perdeu consulta ou exame deve procurar o serviço de saúde para agendar o procedimento novamente. Os trabalhadores condicionaram o fim da paralisação ao reenvio do projeto de lei do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) da categoria à Assembléia Legislativa de Pernambuco, o que foi aceito pelo governo. A Secretaria de Administração do Estado tem até as 13h de hoje para reencaminhar o projeto, que havia sido retirado da pauta na semana passada.
Também ficou acertado que o corte do ponto pelos dias parados será negociado. O compromisso foi firmado com documento assinado pelos secretários de Saúde, Gentil Porto, e de Administração, Maurício Romão. Para os trabalhadores, a aprovação do PCCV será uma conquista histórica.
A categoria começou a alinhavar o acordo depois de se reunir com o secretário-executivo do Gabinete Civil, Chico de Assis. Eles tinham saído em passeata da Avenida Agamenon Magalhães até o Palácio do Campo das Princesas, no Centro, onde chegaram no início da tarde.
Na avaliação dos sindicalistas, dificilmente o governo descumprirá o acordo. “Se não fizerem o prometido, retomaremos a greve”, disse a diretora jurídica do Sindicato dos Servidores da Saúde (SindSaúde), Verônica Magalhães.
Mesmo depois de sancionado, o plano de cargos terá que ser revisado em 2007. É que não estão previstas para este ano as etapas que estabelecem regras de aumento de salário por tempo de serviço e qualificação profissional. O plano que chegará à Assembléia Legislativa hoje só terá a primeira fase, que dá enquadramento financeiro de 10%.
A medida não atende integralmente as cobranças do SindSaúde. Os trabalhadores de níveis elementar, médio e superior vão receber os 10% em cima dos R$ 174, R$ 201 e R$ 542 que têm hoje como salário base, respectivamente. A reivindicação era que os valores chegassem a R$ 350, R$ 600 e R$ 1.213.
Médicos, que não estão em greve, reclamaram de um corte na tabela salarial pelo novo PCCV. Antes, a remuneração de um profissional em fim de carreira chegava a R$ 5.040. Agora, são cerca de R$ 2.500. “Mesmo assim, o PCCV é um avanço porque organiza a carreira. Mas a tabela ficou muito menor do que esperávamos”, criticou André Longo, presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco.
A votação do PCCV na Assembléia Legislativa está prevista para acontecer terça e quarta-feira da próxima semana. Depois de publicado no Diário Oficial do Estado, será encaminhado para assinatura do governador. Isso precisa acontecer até 3 de abril.
Os demais servidores, ainda de braços cruzados, não têm mais chance de emplacar o PCCV. “Como eles estão em greve, só vamos conceder o reajuste linear de 8% a 10%”, ressaltou Maurício Romão. Saíram perdendo os servidores da UPE, Detran e Defesa Social. (Fonte: Jornal do Commércio – 24.03.2006)