Reitoria e disputa política: Espelho, espelho meu … – Publicada em 06.07.06
Reitoria e disputa política: Espelho, espelho meu …
* Josualdo de Meneses Silva
E tenho dito: os exércitos de Brancaleone procuram os toscos e moribundos para a luta contra os “moinhos de vento”. Mas o que preocupa, também, ao lado disto, é saber da existência de pessoas alienadas politicamente, filosoficamente para não dizer despreparadas para refletirem essas dimensões referidas na prática. E para nossa decepção, essas pessoas encontram-se no interior da UPE. Em segundo lugar, elas exercem a função de professor entre outras. Noutras palavras, transformam-se em pessoa/professor. Mas não é exatamente disso, ou seja, da dialética da personalidade que desejo focar. O interesse maior é a pessoa alienada na personalidade de professores da UPE e em especial um número expressivo deles existentes espalhados por toda a extensão das várias unidades constitutivas da Universidade de Pernambuco.
Por que tanta preocupação? Estaria eu exagerando a questão? Qual a razão para esse post_content ser escrito, poderia perguntar qualquer interlocutor? Vejamos: todos sabemos que se encontra aberta à temporada, já em curso, de disputa política pelo cargo/função de reitor da UPE. E é por esse motivo toda a apreensão. Não só pelo fato da disputa que em setembro terá lugar e hora decisivos. Isso é passageiro. Mas, e o dia seguinte?
A reitoria e a luta política abrem espaço para a indagação: espelho, espelho meu, quem entre nós é mais alienado…? Por que tudo isso? O que eu ouvi ultimamente para que me causasse esta apreensão?
Ouvi de um colega que exerce a nobre função de professor e também de líder entre seu pares, nesta universidade, a confirmação daquilo que vi e ouvi inúmeros outros colegas de outras unidades e áreas diferentes, incluindo aí minha própria unidade, a seguinte sentença: “lá fora (se referindo ao lado de fora dos muros da UPE) eu faço política e sigo as idéias do meu partido. Aqui dentro não, eu sigo com o meu grupo”. Uma pérola não!
Literalmente, o que essa postura revela? Essa pessoa e outros colegas nunca ouviram falar de dialética? Não sabem eles que em sociedade a dialética nos ensina que tudo se relaciona? Que tomando como exemplo a natureza onde aquilo que antes era capim comido pela vaca se transformou em esterco que retorna a terra e a fertiliza dando seguimento ao ciclo da vida, assim é com a escola um produto social e com tal uma caixa de ressonância difusa de tudo que ocorre na vida social, e retorna a essa mesma numa dialética sem fim, pois é dinâmica? Parece que não sabem, não. Sinceramente, o que essa postura revela, é uma profunda alienação. Alienação política e filosófica que resulta numa ignorância quanto à práxis estudada na dialética. E o produto final? O produto final! É aquele sujeito ao qual Bertold Brecht chamou de analfabeto político.
E o que tudo isso tem a ver com a temporada de disputa pelo cargo de reitor? Tudo!
Como posso dicotomizar as relações sociais de poder e colocá-las como se fossem esferas isoladas e autônomas sem relação com a sociedade viva no seu cotidiano?
Essa postura desses nossos colegas não é só perigosa para o momento em que se disputa a cargo maior da universidade, também é perigosa quanto ao pós-eleição. Pois, como será que pensam eles o que é uma universidade? Será um local onde se “harmonizam” grupos por afinidades para por em curso seus interesses? Andam eles falando até de autonomia para a UPE, porém com essa postura já de costume conhecida da “velha tradição”, duvido muito como pensam sobre autonomia. Universidade autônoma para a “elite branca”? Reitoria e disputa política: Espelho, espelho meu…
* Josualdo de Meneses Silva
Professor em História Moderna, Contemporânea – UPE/Garanhuns