Quem se candidata ao título de “coveiro da democracia na UPE”? – Por Roberto Burkhardt
Roberto Burkhardt*
Não é raro identificarmos uma obsessão inexplicável, por parte de dirigentes que eventualmente detém o poder, de pensarem em projetos que contrariam a opinião da grande maioria da comunidade universitária. Com tal obsessão, atentam contra a democracia na universidade, conquistada a duras penas, numa luta memorável e pioneira no nosso país: o estatuto do voto paritário para eleição dos nossos dirigentes.
No caso da Universidade de Pernambuco, além do voto paritário, conquistamos o direito de eleger nossos dirigentes, desde o reitor até os diretores das unidades. No entanto, em que pese essa importante conquista, ainda não conquistamos a verdadeira autonomia universitária, prevista tanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação quanto na Constituição Estadual. Trata-se da autonomia financeira, que daria condições para a UPE cumprir efetivamente o seu papel. Neste ponto, é preciso que reconheçamos a nossa culpa: nem a reitoria nem as representações da comunidade universitária souberam dar continuidade à luta pela autonomia.
Mas o que nos preocupa agora é o fato de que o único instrumento que temos para mantermos certa resistência (a eleição direta dos nossos dirigentes) corre sério risco. De repente, sem uma razão aparente (precisamos olhar o que está por trás do fenômeno, como orienta Marx), surge um projeto – já levado ao Governador sem uma discussão com a comunidade – de abolir as eleições em nossas unidades hospitalares, alegando, de forma pueril, que o dirigente eleito fica sujeito à pressão da comunidade, comprometendo seu desempenho, o que ocasionaria irregularidade, segundo essa forma de pensar.
Para comprovar sua tese, tenta desconstruir uma direção (do HUOC) que vem resolvendo com empenho e competência problemas crônicos, na sua maioria de responsabilidade do Governo e da própria Reitoria, por não darem o necessário suporte a tão importante unidade de ensino e assistência, deixando claro que o projeto vai além dos hospitais e se estende a todas as unidades de ensino da Universidade.
Indubitavelmente, buscam-se “bodes expiatórios” para justificar o interesse de atender ao poder maior, que não tolera esta relativa autonomia da universidade.
As representações da comunidade universitária (ADUPE, SINDUPE, ASSUPE, DCE) que historicamente sempre lutaram em defesa da democracia, dão-nos agora uma nova prova de que não aceitarão as alterações do modelo de gestão que estão sendo propostas ao governo, sem qualquer discussão com a comunidade.
•Vamos à luta mais uma vez pelo direito do voto.
•Reativemos a discussão pela conquista da Autonomia.
•Convoquemos o Reitor, relembrando sua plataforma eleitoral
•Identifiquemos quem quer o post_title de “coveiro da democracia na UPE”.
* Roberto Burkhardt é diretor de Formação Sindical e Relações intersindicais da Adupe