Projeto de cotas divide o Congresso – Publicada em 05.07.06
BRASÍLIA – Os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDD-AL) e Aldo Rebelo (PC do B-SP), prometeram ontem a representantes de movimentos negros, intelectuais e defensores do Projeto de Cotas e do Estatuto da Igualdade Racial que, se depender deles, as propostas sobre o assunto, que tramitam no Congresso, serão votadas e aprovadas. A tendência, tanto no Senado quanto na Câmara, é pela aprovação das propostas. Apesar do que disseram aos líderes do movimento negro, Calheiros e Rebelo, no entanto, têm posições diferentes, embora não as tornem públicas. O presidente do Senado é a favor tanto do Estatuto da Igualdade Racial quanto do projeto de cotas para negros. “Aprovamos no Senado o Estatuto da Igualdade Racial. Também vamos votar o sistema de cotas”, disse Calheiros. Ele não quer saber de briga com o movimento negro.
Aldo Rebelo também não quer. Mas pensa diferente. Ao longo dos debates sobre as cotas, ele sempre defendeu o que chama de “cotas sociais”, o que faz parte da sua formação marxista. Diz que é uma idéia mais universalista, que leva em conta o grupo social. Mas Rebelo te consciência de que a decisão do plenário será pela aprovação, visto que ninguém que arrumar encrenca com os grupos de pressão e o projeto das cotas está em regime de urgência.
Os dois dirigentes do Congresso receberam de representantes do movimento negro e simpatizantes branco da causa negra um manifesto em favor da igualdade racial assinado por 425 intelectuais e 157 estudantes de graduação e pós-graduação. “ o importante é que nosso manifesto foi assinado por maioria de pessoas não-negras (50% mais 1) que apóiam o movimento negro”, disse frei David Raimundo dos Santos. Na semana passada, um grupo de 114 pessoas entregou também a Calheiros e a Rebelo manifesto contrário. “O princípio da igualdade política e jurídica dos cidadãos é um fundamento essencial da República e um dos alicerces sobre o qual repousa a Constituição Brasileira”, disseram os autores do manifesto anti-cota racial e anti-Estatuto.
Fonte: Diário de Pernambuco publicada em 05.07.06