Os sinais de alerta dentro da UPE
Editorial do Jornal do Commercio – edição de 26/04/2012
A Universidade de Pernambuco (UPE) não brilha no ranking nacional das melhores instituições universitárias estaduais, mas é uma peça fundamental para a educação superior no Estado. O sinal de alerta lançado há poucos dias neste jornal mostra esses dois lados da moeda: num, o peso negativo de cursos carentes de infraestrutura e professores, noutro, a constatação evidente de que sem a UPE dificilmente haveria cursos de medicina, odontologia, direito e muitos outros em cidades do interior.
O sinal de alerta tem, nesse sentido, um significado altamente pedagógico: aponta para falhas, omissões, o comprometimento da qualidade de ensino em áreas de extrema importância – como foi posto pelos alunos do mais novo curso de medicina do Estado, em Garanhuns. Também se presta a agir como medicação preventiva diante do anúncio de novos câmpus – em Palmares e Serra Talhada – que nasceriam, assim, já comprometidos pela ausência de condições apropriadas.
Um dos aspectos desse raio-X que expõe as dificuldades de uma instituição que há duas décadas forma profissionais reconhecidamente bem qualificados é o déficit de professores. E aí os exemplos dados pela repórter Margarida Azevedo são lamentáveis: 103 vagas, três professores efetivos para um quadro ideal de 16 em uma das unidades da UPE, falta de servidores, pobre acervo bibliográfico e de material – por exemplo – para aulas de anatomia e odontologia.
Pode-se admitir que grande parte – ou a totalidade – dos problemas vividos pela Universidade de Pernambuco hoje se deve a sua expansão, à sua presença fora da capital, contemplando Sertão, Agreste e, agora, a caminho da Zona da Mata Sul. Isso representa um custo altíssimo, que pode ser melhor dimensionado pelo que o governo do Estado deverá repassar este ano referente à gratuidade dos estudantes da graduação – gratuidade implantada na atual administração: R$ 19 milhões. Some-se a esse custo a gratuidade no mestrado, do programa de formação de professores, e um quadro de 918 professores, 4.076 servidores, e será possível chegar perto de uma ideia do que representa a instituição no quadro da administração pública estadual.
Entretanto, é preciso considerar que nessa moldura cabem outras instituições de ensino superior estadual bem melhor situadas no ranking nacional de universidades públicas, como são os casos das instituições da Paraíba, do Rio Grande do Norte e Piauí. Sem considerar as unidades de ensino superior de Estados do Sudeste.
Entendemos que, sem a preocupação de comparações, mas buscando simplesmente instalar uma cultura de gestão que persiga a excelência de qualidade – assim como há dentro da própria UPE cursos com esse nível – pode o governo do Estado e toda a direção da universidade buscar suprir os entraves – algumas vezes apenas burocráticos ou de acomodação – para encontrar uma resposta urgente para os sinais de alerta que aí estão postos e esmiuçados.