Militantes dos EUA atacam imperialismo na abertura do Fórum

CARACAS – Num Fórum Social Mundial em que o combate ao imperialismo deve ser uma das tônicas principais, militantes norte-americanas roubaram a cena para dizer que dentro dos Estados Unidos também há uma rede de resistência disposta a lutar contra o governo do presidente George W. Bush. O recado foi passado durante a cerimônia pública de abertura do Fórum em Caracas, cidade que neste ano é uma das três sedes a receber o maior encontro de movimentos sociais do mundo.

Medea Benjamin, integrante da organização Mulheres Dizem Não à Guerra, anunciou que no dia 8 de março serão organizados atos em vários países em frente às embaixadas dos EUA pedindo o fim da guerra no Iraque. “É democrático invadir um país por causa de petróleo? Estamos aqui para aprender o que é a democracia, de como tratar o mundo com solidariedade e amor e não com o poder econômico”, disse .

Para a também estadunidense Cheri Honkala, coordenadora da Campanha pelos Direitos Humanos Econômicos de Pessoas Pobres, o Fórum será um importante espaço para impulsionar a luta antiguerra e antiimperialista dentro do país. “O pesadelo norte americano está vindo à tona. Com vocês do nosso lado vamos lutar contra o império de dentro de suas entranhas”, afirmou ela para o público que ocupava o Passeo los Próceres, espaço público que homenageia heróis da história venezuelana.

Entre os especialistas em Fórum Social Mundial que estão aqui em Caracas, uma reflexão recorrente é desvendar qual a linha central de cada nova edição. Se o Fórum de 2001, por exemplo, marcou o início de uma fase de resistência ao neoliberalismo e o de 2003 a mundialização da luta contra a guerra, o encontro de 2006 dá um passo além ao focar-se no imperialismo. Nesse caso, a atual conjuntura de ascensão de governos de esquerda na América Latina é o principal combustível.

Na avaliação o sociólogo brasileiro radicado na França Michael Lowy, o caso da Bolívia ajudará a suscitar no Fórum o debate sobre o socialismo no novo século. Na visão dele, essa questão dividirá as atenções com a discussão sobre o “capitalismo”, na medida em que cada vez mais “as pessoas estão se dando conta de que não dá pra enfrentar os problemas atuais sem discutir o capitalismo”. O sociólogo afirma que há experiência políticas interessantes em diversas partes do mundo, mas que a América Latina destaca-se “porque aqui há a esquerda mais radical e de pulso forte e a esquerda que faz média com o neoliberalismo”.

É esperar para ver. Os debates no Fórum Social Mundial em Caracas começam nesta quinta e estão divididos em seis eixos temáticos: (1) Comunicação, culturas e educação: dinâmicas alternativas e democratizadoras (2) Diversidades, identidades e cosmovisões em movimento (3) Estratégias imperiais e resistência dos povos (4) Poder, políticas e lutas pela emancipação social (5) Recursos e direitos para a vida: alternativas ao modelo civilizatório depredador (6) Trabalho, exploração e reprodução da vida. Já estão inscritas para o encontro 2200 organizações de 80 países e o número de participantes pode chegar a 100 mil.

Fonte: Agência Carta Maior

Tonny
Author: Tonny

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