Marcha reúne mais de 15 mil em Brasília – Publicada em 30.11.2005
Fonte: Portal Vermelho
A 2ª Marcha Nacional em defesa da valorização do salário mínimo, redução da jornada de trabalho e reajuste do Imposto de Renda, convocada pelas centrais sindicais – CUT (Central Única dos Trabalhadores), CGTB (Confederação Geral dos Trabalhadores), CAT (Central Autônoma dos Trabalhadores) CGT (Central Geral dos Trabalhadores), Força Sindical e SDS (Social Democracia Sindical) – reuniu mais de 15 mil trabalhadores na tarde de ontem (29/11), na Esplanada dos Ministérios. Os manifestantes reivindicam mudanças na política econômica e o desenvolvimento econômico e social do país.
Por causa de uma forte chuva que caiu em Brasília ontem, a programação da marcha teve que ser alterada. Por isso, parte das manifestações foram adiadas para hoje, quarta-feira.
Na manhã de hoje será realizado ato político convocado pelas centrais sindicais, em frente à Esplanada dos Ministérios. As lideranças sindicais terão audiência com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, a quem entregarão a pauta de reivindicação. Ao final da manifestação, trabalhadores e sindicalistas darão um abraço simbólico no Congresso Nacional.
Posição dos trabalhadores
Ontem, um grupo de sindicalistas se reuniu no final da tarde com os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, da Casa Civil, Dilma Roussef, do Planejamento, Paulo Bernardo, e com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal. Centenas de militantes continuaram no local, embaixo dos toldos montados próximo a Catedral, aguardando o término da audiência.
Os deputados comunistas Vanessa Grazziotin (AM), Daniel Almeida (BA) e Jamil Murad (SP) acompanharam a audiência dos sindicalistas e ministros. Para Daniel Almeida, “a marcha é fundamental, porque os trabalhadores se posicionam sobre agenda que é essencial para o Brasil. A presença dos trabalhadores força o governo à valorização do trabalho, do salário mínimo, da política de desenvolvimento econômico e da distribuição de renda”.
Durante a audiência, os líderes sindicais apresentaram a pauta de reivindicação, que inclui salário mínimo de R$ 400; política permanente de salário mínimo, com definição de percentual de reajuste; redução de jornada de trabalho para 40 horas semanais e correção da tabela do Imposto de Renda em 13%.
Segundo relato do deputado Daniel Almeida, os ministros apresentaram dados sobre a política do governo Lula, demonstrando que houve crescimento do poder de compra nos últimos anos. Os representantes do governo concordam com a necessidade da valorização do salário mínimo e redução da jornada de trabalho. “O governo tem simpatia pela tese da redução da jornada de trabalho”, disse o parlamentar.
Na avaliação de Daniel Almeida, “o ambiente é de negociação, que se dará com o governo e congresso”. Haverá um debate interno no governo sobre a pauta e será marcada reunião com as centrais sindicais até 20 de dezembro, agendada com Lula, para que o presidente finalize o processo. Ele disse ainda que “os ministros admitiram que o salário mínimo será o que couber no orçamento, que está em elaboração e merece discussão com o congresso nacional.
Encontro dos manifestantes
Vindas de Candangolândia, a 14 km de Brasília, a CUT e a CGTB chegaram à capital federal em gigantesca passeata, enquanto as demais centrais realizaram carreata com cerca de 600 carros. Dezenas de caravanas vieram de todos os Estados do país, das mais diversas categorias. Apesar da chuva forte, os manifestantes marcharam até a Esplanada dos Ministérios, onde chegaram já no meio da tarde encharcados, lutando para manter em pé faixas e bandeiras.
Logo no início da Marcha foi feito um minuto de silêncio em homenagem ao sindicalista Jair Antônio da Costa, assassinado recentemente pela Polícia Militar do Rio Grande do Sul enquanto lutava por melhores condições de vida e trabalho no setor calçadista. “Que o exemplo de Jair nos ilumine nesta caminhada e fortaleça cada vez mais o nosso compromisso de luta por um Brasil mais justo para a classe trabalhadora”, disse Rosane Silva, da executiva da CUT.
De Brasília,
Márcia Xavier