Jarbas veta projetos de servidores
Carol Rodrigues e Tatiana Chianca
Uma decisão inesperada do Governo surpreendeu os servidores estaduais que vêm travando um verdadeiro embate nas negociações salariais. Um ofício enviado, na noite de ontem, pelo governador Jarbas Vasconcelos ao presidente da Assembléia Legislativa, Romário Dias (PFL) determinou que fossem tirados de tramitação os quatro projetos de lei que tratam da implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) que atinge diretamente os servidores da Polícia Civil, do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran/PE), Universidade de Pernambuco (UPE) e da saúde. A informação foi dada pelos deputados Isaltino Nascimento e Sérgio Leite. Segundo eles, a determinação já estará publicada no Diário Oficial hoje.
O documento chegou à casa pouco depois de uma reunião entre Romário Dias, parlamentares da oposição e do Governo, e os sindicatos. No encontro, havia sido definido que os representantes das categorias mobilizadas iriam encaminhar propostas de emendas aos relatores das comissões responsáveis pela apreciação dos projetos de PCCV encaminhados pelo Governo. As propostas seriam avaliadas na segunda-feira e colocadas em votação na Comissão de Constituição, Legislação e Justiça na terça-feira. A falta de explicações a respeito da decisão do Governo preocupou as categorias.
Ontem, cerca de 1,5 mil servidores havia realizado uma greve geral, paralisando os serviços por 24 horas para protestar contra os percentuais de reajuste definidos pelo Estado, entre 8 e 10%, abaixo do pretendido. Hoje, as várias categorias realizam assembléias para tentar esclarecer a questão e discutir que medidas tomar. “Se essa decisão for para nos prejudicar, vai aumentar a indignação dos servidores e pode ampliar a paralisação”, disse a coordenadora do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde), Maria Perpétua Rodrigues. “Se for isso mesmo, vai gerar muita confusão, porque mexe com quem está em greve e com quem não está”, complementou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Pernambuco, Heleno Araújo. “Estamos apreensivos se a retirada dos projetos foi para melhorar a proposta, para discuti-las. Esperamos que seja uma demonstração de diálogo e não de confronto. Porque o Governo não pode tomar uma decisão autoritária como essa, depois de tanta negociação”, relatou o deputado Isaltino Nascimento.
A reportagem da Folha não conseguiu entrar em contato com o secretário de Administração e Reforma do Estado, Maurício Romão, e com o líder da bancada governista na AL, deputado Bruno Araújo (PSDB). (Fonte: Folha de Pernambuco – 17.03.2007)