Gratuidade desafia candidatos da UPE – Publicada em 14.08.06

Daqui a exatamente um mês, em 13 de setembro, alunos, professores e funcionários da Universidade de Pernambuco (UPE) vão escolher as duas pessoas que serão responsáveis por conduzir a instituição nos próximos quatro anos – de 2007 a 2010. Diferentemente da eleição passada, quando havia apenas uma chapa, desta vez são três composições que disputam os cargos de reitor e vice-reitor. Única universidade pública superior do País a cobrar mensalidades, um dos principais desafios da candidatura que ganhar o pleito será conquistar a tão desejada autonomia, o que significa, sobretudo, a gratuidade para todos os 13 mil estudantes das graduações e mais recursos para custeio.

Os três candidatos a reitor têm experiência administrativa. O engenheiro Armando Carneiro, que promete ética e transparência, é o atual vice-reitor. Também engenheiro e defensor do avanço e da autonomia, Carlos Calado ocupa a direção da Escola Politécnica de Pernambuco (Poli), uma das unidades da UPE. O administrador Arandi Campelo, que prega um novo modelo de gestão, atualmente é o vice-diretor da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco (FCAP). Os vices, nesta ordem das chapas, são o médico Aurélio Molina, o dentista e médico Reginaldo Inojosa e o professor Carlos Guedes.

À frente da UPE nos últimos oito anos (desde 1999) e docente da universidade há 30 anos, o reitor Emanuel Dias considera a consolidação da interiorização da universidade como um dos eixos fundamentais que devem nortear a gestão do seu sucessor. Afirma também que o próximo reitor terá que brigar por mais verbas para a universidade. “Somos uma instituição pobre de recursos. Temos uma boa relação com o governo do Estado, mas a dificuldade para conseguir dinheiro é grande. Infelizmente esse governo não aproveitou tanto a UPE como instrumento estratégico como deveria ter feito”, observa Emanuel, que sugere a busca por outras fontes de financiamento.

Em 2005, a instituição recebeu do Estado cerca de R$ 103 milhões, dos quais R$ 79 milhões foram para pagamento de pessoal. Para o custeio – pagar contas de água, luz e telefone e comprar material de escritório, entre outros gastos – são, este ano, por mês, apenas R$ 80 mil. Levando em conta que existem 10 unidades acadêmicas e três hospitais (Cisam, Huoc e Procape), o valor é muito baixo. A partir de 2007, com a inauguração de mais uma faculdade no interior, em Salgueiro, e com aumento de cursos da faculdade de Petrolina, o novo reitor vai precisar, portanto, de mais recursos.

Há três anos o governo estadual formou um grupo para discutir o projeto de autonomia da UPE. Não passou disso. Na prática, a autonomia significaria condições de se manter sem precisar procurar dinheiro em outras fontes, como os gestores da UPE vêm fazendo. Os alunos deixariam, portanto, de ter que pagar mensalmente para estudar.

O montante investido pelo Estado na UPE representa quase 2% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) recolhido. O atual reitorado defendeu projeto para que esse índice aumentasse para 5%. Se de fato o desejo fosse atendido, a universidade dobraria seu orçamento anual, chegando a R$ 200 milhões, o suficiente para se bancar sem problemas. Não conseguiu. Missão que será herdada para aqueles que ocuparem a reitoria e o governo de Pernambuco a partir do ano que vem.

Fonte: Jornal do Commercio publicada em 13.08.06

 Propostas de campanha

As três chapas que concorrem nas eleições para reitor e vice da Universidade de Pernambuco elencam, em 10 pontos, as ações que consideram prioritárias para a instituição.

Carlos Calado e Reginaldo Inojosa

  1. Defender a UPE como instituição autônoma, pública, gratuita, integrada e socialmente referenciada
  2. Assegurar a gestão democrática e transparente para tomada de decisões colegiadas
  3. Incrementar a excelência no ensino, na pesquisa e na extensão com avanços científicos e tecnológicos, ampliando e modernizando a infra-estrutura institucional
  4. Fortalecer a interiorização do ensino superior, ampliando a oferta   para os cursos presenciais, sem detrimento da consolidação dos cursos a distância, considerando as vocações regionais
  5. Fortalecer e ampliar as bibliotecas convencionais e virtuais, garantindo à comunidade o acesso à informação
  6. Defender políticas de atenção aos servidores técnico-administrativos, valorizando cargos e vencimentos, educação, cultura e saúde do trabalhador
  7. Fortalecer as organizações discentes, técnico-administrativas e docentes
  8. Estimular a integração acadêmica e sócio-cultural, visando à formação do profissional cidadão
  9. Comprometer-se com as políticas sociais, ambientais e econômicas referenciadas pela sociedade
  10.  Defender a universidade como instituição de produção do conhecimento e de inclusão social para contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população

Armando Carneiro e Aurélio Molina

  1. Contribuir para a democratização da UPE e consolidar o processo de autonomia
  2. Retomar o Fórum Ampliado da UPE junto à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente visando a contribuição da universidade para o desenvolvimento do Estado
  3. Garantir a representação igualitária dos professores, alunos e servidores, eleitos pelos seus pares, nos conselhos universitários e das unidades
  4. Viabilizar a criação de um Conselho Social de Desenvolvimento da UPE visando o compromisso com a sociedade e elaborar políticas que respondam às necessidades sociais
  5. Contribuir para um movimento estudantil autônomo e independente
  6. Prestar contas públicas da receita da UPE, inclusive dos investimentos realizados, definindo prioridades
  7. Institucionalizar repasse de recursos para manutenção da política estudantil
  8. Contribuir com a política habitacional do Estado, oferecendo qualificação técnica da UPE e ao, mesmo tempo, inserir os servidores nos projetos sociais de habitação
  9. Criar o Fórum de Coordenadores de Cursos de Pós-Graduação e Pesquisa para o acompanhamento de políticas, programas e projetos institucionais
  10. Apoiar a implantação da reforma dos currículos, adequando-os às demandas sociais

Arandi Maciel Campelo e Carlos Guedes

  1. Garantir que a UPE contribua para o resgate do papel estratégico de Pernambuco como pólo indutor do desenvolvimento regional sustentável, nos aspectos social, econômico, ambiental, artístico, científico e tecnológico
  2. Criar espírito de unidade e integração entre a reitoria e todas as unidades de ensino e de saúde – dar à UPE um sentido de universidade de fato
  3. Assegurar o exercício de uma UPE pública, gratuita e autônoma
  4. Criar uma pró-reitoria de interiorização, de modo a contribuir para um desenvolvimento homogêneo em Pernambuco
  5. Fomentar as pesquisas científica e mercadológica
  6. Estender às demais unidades da UPE a exitosa experiência da FCAP nos projetos de acessibilidade, responsabilidade sócio-ambiental, educatividade acadêmica e da empresa júnior
  7. Criar programas de capacitação continuada para todos os servidores técnico-administrativos e professores
  8. Criar a reitoria itinerante
  9. Criar estrutura de apoio aos alunos carentes e aos que ingressarem na UPE por meio de cotas
  10. Criar o restaurante universitário

Fonte: Jornal do Commercio publicada em 13.08.06

Tonny
Author: Tonny

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