Governo faz manobra para evitar greve geral – Publicada em 21.03.2006
Secretário de Administração, Maurício Romão, marcou para hoje de manhã reuniões em separado com representantes das categorias que reivindicam reajuste e mudança no plano de cargos
Para contornar o fracasso da reunião de ontem com os servidores e evitar a deflagração de greve geral, o secretário de Administração e Reforma do Estado, Maurício Romão, fez manobra e marcou, para a manhã de hoje, negociações em separado com os sindicatos de cada categoria. A proposta foi aceita pelos servidores no fim do encontro. Serão cinco reuniões, com representantes de trabalhadores da Saúde, Defesa Social, Universidade de Pernambuco, Detran e Sindicato dos Servidores Públicos de Pernambuco (Sindiserpe).
As diferentes categorias de servidores marcaram assembléias para hoje e amanhã para discutir os resultados das reuniões de hoje com Romão. E os sindicalistas avisam que os trabalhadores estão dispostos a parar se não forem ouvidos. “Se o governo trilhar por essa posição política que tem hoje não resta alternativa senão decretação de greve geral em Pernambuco”, alertou o presidente do Sindiserpe, Renílson Oliveira. O dirigente sindical acrescenta que um servidor que recebe R$ 250 de piso salarial só teria 3% de reajuste pelas propostas atuais.
O ponto da reunião de ontem que recebeu mais críticas foi a intenção de o governo do Estado regulamentar os Planos de Cargos e Carreiras (PCCs) de cada categoria por decreto, ao longo do ano. “Decreto é coisa feita em gabinete, sem nossa participação”, reagiu o presidente do Sindiserpe. Ainda segundo ele, a ascensão de salário por tempo de serviço, prevista nos PCCs, só passaria a valer em 2007. Os servidores querem que isso vire lei em 2006.
FOLGA – Ontem pela manhã, sindicalistas estiveram com deputados da bancada de oposição da Assembléia Legislativa para pedir apoio. No encontro, a assessoria contábil da bancada calculou que o Estado teria R$ 230 milhões sobrando no orçamento para aplicar em salários sem ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal.
De acordo com o secretário de Administração, essa folga no orçamento não permite que se conceda mais que 10% de reajuste global para cada categoria. Esse percentual está proposto no projeto de lei 1244/06, que será votado hoje pela Comissão de Justiça da Assembléia Legislativa.
“Embora estejamos abaixo do percentual de comprometimento da receita, como determina o Tribunal de Contas do Estado, não podemos usar esse dinheiro com o aumento de salários. Senão, comprometemos as finanças do Estado para o futuro governante”, argumentou Maurício Romão.
O secretário ainda ressaltou que respeita os servidores e almeja um entendimento. “Eles representam 2% da população. Mas e os outros 98%, como vão fazer se usarmos esse dinheiro com salários?”, indagou.
Fonte: Jornal do Commércio – 21.03.2006