Fórum Social Mundial acaba rachado e critica Brasil

RAFAEL CARIELLO
Enviado especial da Folha a Caracas

O 6º Fórum Social Mundial em Caracas, na Venezuela, terminou ontem com críticas ao Brasil no seu documento mais importante e com uma confusão total entre sociedade civil e governo, o que vai contra a intenção original do fórum de separação nítida entre as duas esferas.

O post_content final da Assembléia dos Movimentos Sociais, que critica medidas do governo brasileiro, não é uma declaração oficial do encontro, mas representa a posição política de seus participantes mais importantes, que planejam uma série de manifestações simultâneas e coordenadas no mundo todo em 2006.

Nesse documento, os movimentos sociais acusam o Brasil e a Índia de terem jogado “um papel decisivo” na Organização Mundial de Comércio, fortalecendo-a ao assumir trabalhar dentro dela, com a criação do G-20, “na sua opção para conquistar um posto de poder” na organização.

Também exige “a retirada das tropas estrangeiras do Haiti”. A missão da ONU (Organização das Nações Unidas) naquele país é liderada pelo Brasil. O post_content também chama manifestações e campanhas contra a ocupação do Iraque e pela saída dos EUA de todas as suas bases militares no mundo.

A síntese do que representou o fórum na Venezuela aconteceu ontem, quando Chávez, em seu programa de TV semanal, transformou o evento no assunto principal da transmissão e saudou os convidados participantes do fórum presentes para a gravação, num centro cultural na periferia de Caracas. Ele ainda pregou a “derrubada do império americano” e disse que os Estados Unidos planejam atacar seu país.

Os dois representantes da “cúpula” do fórum que participaram do programa, o jornalista Ignacio Ramonet e o pensador marxista Samir Amin, pertencem ao grupo de esquerda mais tradicional que propõe que o evento se torne menos um espaço de encontro e discussões, aglutinador de diversidades, – que por definição não apresenta documento final -, para que ele se torne mais propositivo e centralizado.

Chávez e este grupo conversaram entre si, combinaram atuações, e deram ao fórum um caráter de esquerda mais tradicional, antiimperialista, distante da concepção de integrantes de primeira hora, como o seu idealizador brasileiro Oded Grajew.

Na principal participação do venezuelano, na sexta-feira, ele apoiou idéias lançadas pelo grupo na etapa africana –realizada no Mali– do fórum, uma semana antes de Caracas.

Anti-EUA

Chávez defendeu a criação, proposta pelo grupo, de uma frente internacional de governos de esquerda e movimentos sociais contra os EUA –o que os movimentos de certa forma ratificaram ontem– e pregou abertamente por mais orientação e posicionamento político do fórum.

Ao dizer em seu programa que os EUA planejam atacar a Venezuela, Chávez fez uma referência direta ao veto que os americanos tentam impor à compra de equipamento militar por seu governo, como quando bloquearam a venda de aviões da brasileira Embraer para a Venezuela. Segundo ele, os Estados Unidos querem enfraquecê-lo militarmente.

Tonny
Author: Tonny

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