Fórum Social chega ao fim com muitas propostas – Publicada em 29.11.2004

Depois de 4 dias de debates, terminou sábado (27) o I Fórum Social Nordestino. O evento  reuniu cerca de 8.357 pessoas no Campus da UFPE. Os resultados de alguns debates trouxeram como resultados, por exemplo, um plebiscito contra a transposição do Rio São Francisco e a retomada da campanha pela auditoria da dívida externa e por mecanismos de estímulo ao orçamento participativo, como a idéia de um Plano Diretor Participativo para os municípios.  Estas propostas serão divulgadas em quatro jornais que trarão a sistematização das quatro conferências, 33 seminários e 128 oficinas. Do I FSNE, participaram 672 entidades, além de 100 atividades de grupos culturais.

O I FSNE pode ser considerado uma espécie de retomada do pensamento anti-neoliberal e o ressugirmento de idéias da esquerda calcado na participação social e na radicalização da democracia. Como espaço político, o FSNE não se propõe
a ser anual, mas se articula com o Fórum Brasileiro e Mundial no processo de discussão de justiça econômica e social.

Os três eixos de discussão do I FSNE – Radicalizar a Democracia Contra o Neoliberalismo, O Desenvolvimento Que Temos e o Nordeste Que Queremos, Afirmando os Movimentos Sociais do Nordeste – sintetizaram propostas como criação
de um fundo nacional de apoio à economia solidária, divisão sindical por atividade econômica visando fortalecer a luta dos trabalhadores, inclusão da história africana no ensino médio, busca da participação feminina em, pelo menos, 20% dos cargos políticos nas câmaras municipais.

O I FSNE ratificou a necessidade da sociedade articular os movimentos rurais e urbanos, incorporando o conhecimento acadêmico, e também de viabilizar a disseminação de meios comunitários de comunicação que divulguem a diversidade
cultural. O principal resultado do Fórum é conseguir reunir diferentes movimentos sociais,  num mesmo espaço de diálogo, luta e construção democrática, como explica Sílvia Camurça (Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB), da coordenação executiva do I FSNE. E completa: “O FSNE é um processo iniciado e que agora os movimentos sociais vão se pautar pelas questões aqui debatidas e tomar seus posicionamentos nos seus espaços políticos, das organizações e lutas”, avaliou.
Camurça considerou como as principais dificuldades do Fórum o fato da sociedade não compreender desde do início que o FSNE é um processo e não uma feira ou evento temporal. “A grande dificuldade era da população entender no começo que estávamos construindo um espaço de luta de debate permanente que começa agora e vai se perpetuar contrária à derrota da esquerda, que o sistema neoliberal
tenta nos impor”, completa.

Na avaliação da coordenação, o I FSNE cumpriu com o seu papel já que conseguiu unir os movimentos sociais com base nas grandes questões de luta social. “As temáticas da violência, desenvolvimento, desigualdades e a diversidade cultural marcaram o Fórum”, comentou Mônica Oliveira (Abong) e também da coordenação executiva do FSNE. De acordo ainda com Mônica, o FSNE foi um momento de
convergência de pensamentos na construção de um processo coletivo, democrático e que a sociedade não pode esperar mais. “O FSNE é a resposta dos movimentos sociais às políticas públicas que os governos apresentam que não estão contemplando os anseios sociais”, refletiu.

Já Aluízio Matias (coordenação executiva do FSNE e Fórum Social Potiguar) expressou satisfação ao reconhecer que as entidades juvenis e culturais dividiram harmonicamente o mesmo espaço e ampliaram os horizontes de debates. “Ver no
mesmo local o movimento Hip Hop, movimentos estudantis e outros grupos de jovens de periferia discutindo políticas públicas para os jovens é gratificante”, comemorou.
?Estamos aprendendo a colocar todos os movimentos sociais num espaço de construção coletiva de uma sociedade melhor para todos”, finalizou Maurício Guerra (Fórum Regional de Reforma Urbana – FERU).

Confira no site do FSNE a sistematização dos eixos e post_contents dos/as conferencistas.

Foto da chamada: Roberta Guimarães – Agência Imago

Tonny
Author: Tonny

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