Estado quer punição para servidores em greve – Publicado em 30.11.2004
A Procuradoria Geral do Estado está pedindo à Justiça que o Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde) seja intimado a pagar R$ 90 mil pelo descumprimento da decisão judicial que determinou o fim da greve iniciada há 13 dias. E solicitando providência ao Ministério Público de Pernambuco se for configurado que a manutenção da paralisação é crime de desobediência a uma determinação da Justiça.
Ontem, o ministro da Saúde, Humberto Costa, disse que está preocupado com a greve dos servidores estaduais da saúde, movimento que paralisa ambulatórios de hospitais e outros serviços do SUS em Pernambuco. “Já manifestei a disponibilidade do Ministério da Saúde para tentar encontrar soluções, mas só posso colaborar se houver uma convocação do Estado”, esclareceu.
Humberto falou sobre o assunto ao ser provocado pela imprensa, na inauguração de um novo hospital do Hemope. Em seguida, foi procurado por coordenadoras do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde) e deu as mesmas explicações a elas. O secretário estadual da Saúde, Guilherme Robalinho, presente ao mesmo evento, argumentou que o Governo Federal não teria como ajudar. Sobre a possibilidade de se resolver o impasse com o grevistas, alegou que o assunto estava afeto à Secretaria de Administração.
Os grevistas serviram, ontem, um café da manhã a pão e água na porta dos sete maiores hospitais do Estado. Mil e setecentos pães e 14 litros de água mineral foram servidos aos trabalhadores, pacientes e familiares. O objetivo foi chamar a atenção da sociedade para a situação de penúria em que se encontram.
Os servidores pedem reajustes salariais que variam de 100% a 170% para os níveis elementar, médio (que têm salário-base inferior ao mínimo) e superior não-médico. Mais de 14 categorias estão paradas, entre elas enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, dentistas e auxiliares. O Estado só quer conceder 11% de aumento.
Às 8h de hoje, os funcionários fazem ato público na Assembléia Legislativa e, em seguida, realizam assembléia. Os parlamentares estarão votando, nas comissões de Saúde e Legislação, o projeto de lei do governo que reajusta a remuneração dos médicos, dobrando o salário-base da categoria. O adiamento da votação para a próxima terça-feira será proposto pela comissão interpartidária que tenta reabrir o diálogo entre grevistas e Governo. O objetivo é ganhar tempo para resolver o impasse.
Ontem, a promotora de Defesa da Saúde, Ivana Botelho, visitou o Hospital da Restauração, um dos afetados pela greve. A chefia de Neurocirurgia havia manifestado preocupação com o atraso de cirurgias de pacientes hospitalizados. A promotora conversou com o comando de greve e obteve a garantia de que não será por falta de enfermeiros e auxiliares que o tratamento deixará de ser feito.
Fonte: Jonal do Commércio – 30.11.2004