Engenharia naval terá curso em PE
Pernambuco vai ganhar em 2006 seu primeiro curso de engenharia naval. Será uma pós-graduação latu sensu pela Escola Politécnica na Universidade de Pernambuco (UPE) e terá entre 390 e 450 horas-aula. A iniciativa, viabilizada através de uma parceria com a Universidade de São Paulo (USP), tem como objetivo atender à demanda por mão-de-obra do estaleiro que a Camargo Correia vai implantar no Porto de Suape a um custo de R$ 500 milhões.
O curso ainda está sendo formatado, mas estima-se a oferta de pelo menos 40 vagas e de disciplinas como arquitetura naval, navegação, estabilidade e soldagem. A previsão é a de que o estaleiro gere 5 mil empregos diretos e 25 mil indiretos na operação. “A área naval é a que apresenta a maior demanda. Nossa idéia é oferecer um curso voltado não apenas para projetos da indústria naval como também para a própria operação do estaleiro”, explica o diretor da Politécnica, Carlos Calado.
A seleção de candidatos está prevista para janeiro ou fevereiro, com as aulas começando em março.O curso acabaria em dezembro, mas os alunos teriam até março de 2007 para entregar a monografia. A parte mais salgada é o preço, que deve ficar em torno dos R$ 600 mensais por causa das despesas (transporte e hospedagem, por exemplo) com os professores da USP. Para se ter uma idéia, os cursos de pós-graduação da Politécnica custam entre R$ 400 e R$ 450/mês. A escola, entretanto, vai tentar obter algum subsídio para reduzir os custos.
“Hoje, além da USP, apenas a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) oferece cursos na área naval. Acreditamos que algumas empresas terão interesse em bancar pelo menos uma parte da mensalidade para seus funcionários. Também vamos submeter o projeto do curso ao Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural)”, diz Calado.
O Prominp atua em três frentes: capacitação profissional, capacitação da indústria e capacitação tecnológica e competitiva. Não possui recursos próprios, mas se propõe um facilitador de financiamentos junto a entidadescomo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Tudo para maximizar a participação da indústria local na oferta de bens e serviços para empreendimentos como o estaleiro e a Refinaria Abreu e Lima.
Iniciativas – O curso de engenharia naval é o primeiro de nível superior especialmente desenhado para atender a demanda dos empreendimentos previstos para Suape. O secretário executivo de Tecnologia, Inovação e Ensino Superior da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente José Carlos Cavalcanti acredita que surgirão outras iniciativas.
“As universidades estão se movimentando com o cuidado de não promover ações duplicadas. Se chegarmos com propostas boas, demonstraremos que nosso pólo de conhecimento reagiu bem a esses investimentos”, defende Cavalcanti. O assunto foi debatido durante todo o dia de ontem no Recife em um seminário realizado pelas Secretarias de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico.
Fonte: Diário de Pernambuco 03.12.2005