Corte na pós-graduação é parte do programa de desmonte da educação
Os cortes no orçamento dos programas de pós-graduação de 2019 representam mais uma etapa do desmonte da educação pública. Este foi o consenso no debate “Os Impactos do Corte do Financiamento na Ciência”, realizado na sexta-feira passada (10/08/2018), no auditório da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhoras das Graças (FENSG). Participaram do debate a Pró-reitora de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação da UPE, Tereza Cartaxo; o diretor de comunicação da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), Rogean Vinícius Santos; o coordenador geral do DCE da UPE, Nelson Barros; a presidente da União dos Estudantes de Pernambuco, Manuella Mirella; o presidente do Sindupe, Érico Alves; e o presidente da Seção Sindical dos Docentes da Universidade de Pernambuco (ADUPE), Luiz Oscar Cardoso Ferreira. De acordo com o dirigente da ADUPE, os ataques ao sistema público de educação começaram bem antes, com a lei da reforma do ensino médio, e, mais recentemente, com a diminuição paulatina dos recursos dos programas de inclusão, como o Ciência sem Fronteiras, o Prouni e o Universidade Para Todos.
“Esse desmonte é parte de um projeto concebido com o golpe de 2016, que retirou um governo eleito pelo povo e nos impôs um governo que, revestido da pseudo legalidade, vem promovendo a destruição da educação”, afirmou. Os números que representam a diminuição dos investimentos nos programas de pós-graduação do país nos últimos três anos foram apresentados pela Pró-reitora Teresa Cartaxo e pelo representante da ANPG, Rogean Vinícius. Eles apontaram ainda os prejuízos decorrentes de possíveis cortes dos recursos da CAPES/CNPq. Entre esses prejuízos, conforme vem alertando a a comunidade científica do pais, estão a suspensão do pagamento, pela CAPES, de todos os bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado a partir de agosto de 2019, atingindo mais de 93 mil discentes e pesquisadores. Já para o CNPq, se em 2018 o órgão pôde contar com recursos da ordem de R$1,2 bilhão, em 2019, a previsão de R$ 800 milhões poderá limitar ações diversas, como o lançamento de editais de pesquisa e a contratação de novos projetos. Ao final, o presidente da ADUPE propôs o envio de nota conjunta das entidades representativas dos docentes, estudantes e servidores da UPE (ADUPE, DCE e SINDUPE, respectivamente) aos Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, manifestando a preocupação com a possibilidade da diminuição dos recursos destinados aos programas de pós-graduação do país, conforme já alertaram o presidente da CAPES, Abílio Baeta e do CNPq, Mário Neto Borges. Em sua fala, o dirigente chamou ainda a atenção para a situação dos docentes da Universidade de Pernambuco, cujos salários estão congelados há quatro anos e pontuou a necessidade de se retomar a luta pela autonomia da Universidade e pela nomeação imediata dos professores aprovados no concurso público realizado recentemente.