Ato por melhorias em hospitais
Médicos residentes e estudantes querem chamar a atenção do Governo do Estado
Esta manhã, estudantes de Medicina da Universidade de Pernambuco (UPE), além de médicos residentes do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) e do Pronto-Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco Professor Luiz Tavares (Procape) farão uma caminhada do Cisam, no bairro da Encruzilhada, Zona Norte do Recife, até a reitoria da UPE, na avenida Agamenon Magalhães, em Santo Amaro. A mobilização é para chamar a atenção do Governo do Estado para a situação enfrentada pelas três unidades. Entre os problemas apontados pela Associação Pernambucana dos Médicos Residentes (APMR) estão o fechamento de leitos, a suspensão de cirurgias por falta de servidores na escala e problemas de estrutura física.
Segundo o presidente da APMR, o médico residente Thiago Henrique dos Santos, a reivindicação também é por conta do prazo de três meses dado pelo Ministério da Educação (MEC) ao Governo Estadual para regularizar o atendimento na unidade. “A UTI Neonatal do Cisam não está recebendo novos pacientes. O MEC avisou que se, em 90 dias, a maternidade não se adequar às residências de ginecologia e obstetrícia serão descredenciadas e o Cisam deixará de funcionar como hospital-escola”, contou Thiago. Ontem, pela manhã, um grupo de mais de 80 pessoas se reuniu em frente ao Cisam para reivindicar melhorias. Munidos de cartazes e bolas, entoaram gritos de ordem convocando os funcionários do hospital a participarem da mobilização. De mãos dadas, eles fizeram um apitaço e deram um abraço simbólico na unidade.
Conforme a médica residente do Cisam, Taynara Soares, 26, a unidade precisa de inúmeras melhorias. “Primeiramente, é preciso que sejam contratados médicos neonatologistas intensivistas para trabalhar na UTI e UCI Neonatal. Se forem contratados os sete médicos para cobrir o plantão de 24 horas ou 14 para o de 12 horas, o Cisam volta a funcionar como maternidade de alto risco. Além disso, o telhado e a biblioteca devem ser reformados, o hospital deve ser dedetizado, entre outras coisas”.
Após o manifesto em frente ao Cisam, os estudantes participaram de uma assembleia geral no HUOC. Segundo o presidente do Diretório Acadêmico de Medicina da UPE, Elton Pedrosa, na reunião cerca de 500 estudantes dos cursos de Medicina e Enfermagem da unidade resolveram aderir à paralisação. “Nenhum deles irá participar de qualquer atividade acadêmica para poder participar do ato público. Vamos fazer uma pauta de reivindicações para ser entregue ao Governo do Estado”, contou. E m nota, a Secretaria de Ciência e Tecnologia (Sectec) garantiu que o Cisam não deixará de ser uma unidade de ensino. A pasta informou ainda que as exigências feitas pelo MEC já foram cumpridas em sua maioria e as restantes serão cumpridas no prazo de 90 dias. A Secretaria destacou ainda que os atendimentos de alta complexidade não serão retirados do Cisam. Ontem, a Sectec solicitou que a Controladoria Geral do Estado realizasse uma auditoria administrativa e de pessoal no hospital para averiguar as denúncias feitas pelo Conselho Regional de Medicina.
“A Secretaria de Ciência e Tecnologia também vem negociando com o Cremepe e protestando pela inteira retirada da interdição ética realizada pela entidade na semana passada, uma vez que o Cisam já apresenta as condições para que os plantões tanto de baixa quanto de alta complexidade aconteçam normalmente, enquanto é providenciada a contratação definitiva dos profissionais de saúde requisitadas pelo Cremepe”, finalizou a nota.
INTERDIÇÃO
No mês passado, representantes do Cremepe e do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) realizaram uma fiscalização no Cisam. A visita foi motivada pelo desabamento do teto da sala de parto do hospital. Já na última quarta-feira, foi constatada a falta de médicos na UTI e UCI Neonatal. Os problemas acabaram provocando a Interdição Ética dos serviços da maternidade por dois dias.
Fonte: WELLINGTON SILVA – Folha de Pernambuco