ARTIGO – Chegou a hora da reação
Três artigos sobre educação publicados na revista “Le monde diplomatique”, edição brasileira nº9, intitulados respectivamente “Escolas privadas desempenho pífio”, “Gratuitos mas desiguais” e “Adaptação e flexibilidades”, nos dão a medida exata da origem e das propostas que alavancam os projetos implantados para a educação no Brasil. A UPE, até agora, pobre em promoção de uma discussão mais profunda sobre políticas educacionais, caminha pela trilha do conformismo, da aceitação do status-quo e das determinações do governo que segue o figurino das imposições da classe hegemônica, que impõe o projeto neo-liberal, portanto a ditadura do mercado.
Se referenciarmo-nos pelas categorias da dialética sobre a contradição e sobre o real e o possível, concluiremos que chegou a hora de uma reação à altura que venha frear os projetos que querem nos impingir. A crise do capital e a constatação da falência do modelo de educação serão nossos aliados nessa luta. A desvalorização dos professores e servidores técnico-administrativos, levados ao estado de pré-mendicância com reflexo na qualidade do ensino é uma realidade inconteste. A evasão de professores da UPE, motivada pela falta de condições de trabalho, principalmente pela baixa remuneração, é intolerável. As imorais contratações provisórias em regime de CLT, com o artifício das seleções simplificadas redundam na queda da qualidade de ensino.
Preocupante é que tanto a reitoria quanto o CONSUN, órgãos máximos, na gestão da universidade, aceitem esta aberração política imposta pelo governo. Mais preocupante, ainda, é a comunidade calar. Parece até que perdemos a capacidade de nos indignar.
Devemos seguir o exemplo do SINDUPE, Sindicato dos Servidores, que há muito, em seu boletim, vêem se posicionando contra essa violação da Constituição que aponta para o concurso público. Alertam, ainda, para o processo de privatização mascarada, já que o percentual de servidores terceirizados beira o 50%.
O argumento em defesa das contratações provisórias é que ao recusarmos a forma perderemos a condição de funcionarmos. Dizia-se o mesmo durante a luta pela gratuidade. Passamos anos e anos nos rendendo aos argumentos da Reitoria, de pró-reitores e diretores das unidades que diziam: “Se outorgarmos a gratuidade as unidades não terão como funcionar”. De repente, atendendo às estratégicas políticas eleitorais, é concedida a gratuidade. O governo encontrou a fórmula “mágica” de viabilizar o funcionamento das escolas. Concluímos que chegou a hora de radicalizarmos nossa posição em defesa da qualidade do ensino da UPE, conscientes de que só na luta garantiremos à UPE o status de Universidade na avaliação que culminará em 2016.
Mostremos aos nossos dirigentes os caminhos da luta pela educação que garanta a dignidade do povo.
CHEGOU A HORA DA REAÇÃO: UNIDOS VENCEREMOS
*Roberto Burkhadt é diretor de Imprensa da Adupe