Aos novos professores: Bem-vindos à “dor” e à “delícia” de ser docente na UPE
Por ITAMAR LAGES*
A prática docente em uma Universidade pública, como a UPE, ainda se constitui em um espaço onde ainda há um considerável grau de liberdade e autonomia para a construção da emancipação humana. A UPE, como qualquer instituição, é limitada pelos aportes jurídicos, políticos e econômicos da classe dominante. Esta, por meio dos seus diferentes grupos, detém as estruturas do poder, e faz uso deste para defender o crescimento econômico em detrimento do desenvolvimento humano e, consequentemente, mesmo das políticas sociais de educação, saúde, trabalho, previdência, segurança, moradia, entre outras.
Ainda assim, a prática docente se constitui em um espaço institucional privilegiado de luta para a emancipação humana.
A diretoria da ADUPE conclama as mulheres e homens que estão iniciando a carreira docente para fortalecer a UPE com o valioso e imaterial trabalho docente nas suas diferentes dimensões: ensino, pesquisa, extensão, gestão acadêmica e associativa, como está definido na Resolução 017/2011.
Por um lado, a nossa ação deve ser afirmativa, por outro, crítica. Afirmar a aprendizagem que se orienta pelo pressuposto da transformação, como ensinou Paulo Freire; criticar a aprendizagem que se adapta às exigências mercantis. Afirmar a pesquisa básica e a aplicada que se orientam para tratar as necessidades humanas básicas pela perspectiva do direito; criticar as orientações que fazem a pesquisa estar a serviço do mercado, e por isso mesmo relegam as ciências humanas a um plano inferior; afirmar a extensão universitária que forma para o direito; criticar as prestações de serviços que afirmam e reafirmam a supremacia da privatização feita inclusive pelo Estado; afirmar a gestão acadêmica que se pauta pelo direito do estudante, e por uma instituição eficaz e eficiente na sua função social; afirmar a atividade sindical comprometida com o caráter público, social e autônomo da UPE; criticar a ação sindical que não constrói a UPE!
A afirmação e a crítica devem resultar em práxis que denunciem e ajudem na resolução de problemas concernentes às condições de trabalho (salário digno, recurso materiais e acesso a recursos financeiros para o ensino, pesquisa e extensão). A afirmação e a crítica devem resultar em práxis que denunciem e ajudem na resolução de problemas concernentes às condições do trabalho docente, principalmente para quem vai atuar nos campi do interior do Estado. A afirmação e a crítica também devem resultar em práxis que nos façam participar das lutas por uma efetiva e eficaz Política de Assistência Estudantil e em favor dos servidores técnicos quanto ao ingresso opor concurso público, a efetivação do PCCV e a salário digno.
Enfim, sejam todas e todos bem vindos “dor” e à “delícia” de ser docente da UPE. Desse lugar podemos dar nossas contribuições, talvez pequenas, provavelmente não percebidas, de fazer com que a máquina do capital seja paralisada e a humanidade seja livre!
* ITAMAR LAGES é professor da FENSG e presidente da ADUPE