ANDES desfilia-se da CUT – Publicado em 01.03.2005
MARI TORTATO, da Agência Folha, em Curitiba
A Andes (Associação Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), o sindicato nacional dos professores universitários, decidiu hoje desfiliar-se da CUT (Central Única dos Trabalhadores), sob o argumento de que a entidade vem dando ao governo petista apoio contra os interesses dos trabalhadores.
A decisão foi tomada em uma plenária no final da tarde em um congresso realizado em Curitiba e será formalizada à CUT em breve. “Há concentração de poder na cúpula [da CUT], que atrela seus interesses à política do governo e, portanto, ao próprio governo”, disse a presidente do Andes, Marina Barbosa.
Segundo ela, a decisão tomada ontem é resultado de um debate de dois anos nas associações de professores nos Estados. Votou pelo desligamento a maioria dos 400 delegados do congresso, que também aprovou uma agenda contendo propostas para a reforma universitária contrárias às apresentadas pelo governo.
O Andes representa 74 mil professores universitários e estava filiado à CUT havia 15 anos. Barbosa cita a reforma da previdência e, mais recentemente, a concordância de seus dirigentes em participar do fórum sobre a reforma trabalhista como dois exemplos de posição contra os interesses dos trabalhadores.
“A CUT está, cada vez mais, adotando uma política de colaboração com os projetos do governo, sem resguardar sua autonomia e sem contar com respaldo na base. Ela deixou de ser um instrumento de aglutinação e organização dos trabalhadores para atender a outros interesses”, disse Barbosa, que é professora da federal fluminense.
Debates para desfiliação também estão sendo levados nas entidades que representam funcionários federais da previdência, do IBGE e de outros órgãos ligados à educação. Os docentes e funcionários das escolas técnicas federais foram os primeiros a se afastar da central sindical.
A Folha não conseguiu localizar dirigentes nacionais da CUT para comentar a decisão.