Acaba a greve na Saúde – Publicado em 04.12.2004
Com uma vitória política e poucos ganhos financeiros, chegou ao fim, ontem, a greve dos cerca de 28 mil servidores da saúde no Estado. Após uma trégua de dois dias, as categorias – técnicos e auxiliares de enfermagem, laboratório, raio-x, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, entre outros – voltam ao trabalho com reajuste linear de 11% nos salários, mesma proposta que o Governo fez desde o início do movimento. A partir de segunda-feira, portanto, o atendimento nos principais ambulatórios será retomado.
Depois de 16 dias de paralisação, os servidores comemoraram a saída do secretário estadual de Saúde, Guilherme Robalinho, que entregou o cargo anteontem, como uma das principais vitórias. Durante a assembléia que deliberou pelo fim da greve, diversos trabalhadores e dirigentes dos sindicatos e conselhos das classes elegeram o fato como avanço político da mobilização.
“Nosso movimento forçou o Governo a tirar Robalinho”, afirmou o coordenador do Sindicato dos Farmacêuticos de Pernambuco, Luiz Torres.
Além do aumento na remuneração, as categorias conseguiram a promessa de implantação de um Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV), que vai possibilitar reajustes de acordo com o tempo de serviço e titulação. Até o fim deste mês, deve ser formada uma comissão de representantes dos sindicatos e do Governo. Ela tem quatro meses para apresentar o plano para votação na Assembléia Legislativa do Estado.
Apesar de protestos de alguns servidores, que defendiam a permanência da greve, a negociação com a Secretaria de Administração e Reforma do Estado também resultou no aumento do valor do vale-refeição para plantonistas (de R$ 30 para R$ 50) e diaristas (de R$ 90 para R$ 110), volta da contribuição sindical no contracheque do servidor (cortada no início da greve) e revogação das faltas dos grevistas.
Um dos argumentos mais colocados na assembléia para o término da paralisação foi o fato de que a Assembléia Legislativa entrará em recesso na segunda quinzena de dezembro e só volta às atividades em 15 de fevereiro de 2005. Isso adiaria por mais de três meses a votação do aumento salarial.
Mas os sindicalistas enfatizam que as categorias continuarão mobilizadas. “Não houve repercussão salarial, por isso a luta continua. Vamos fiscalizar a implantação do PCCV, uma das grandes saídas para tentar melhorar a situação do trabalhador da área de saúde”, garantiu a coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde no Estado de Pernambuco (SindSaúde).
AMBULATÓRIOS – Nesta segunda-feira, os ambulatórios paralisados desde o dia 17 de novembro voltam a atender a população. Pacientes com consultas e exames marcados serão recebidos normalmente nos hospitais da Restauração, Agamenon Magalhães, Barão de Lucena, Geral de Areias e Otávio de Freitas. Quem perdeu a consulta por causa da greve terá prioridade na remarcação, segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde.
Fonte: Jornal do Commércio – 04.12.2004