A conjuntura política e os desafios da campanha salarial 2015
Por ITAMAR LAGES
Em que momento da conjuntura política e econômica se dará a campanha salarial dos docentes da UPE? Chamo atenção para o fato de que essa é questão de retórica. Também não se trata de uma simples pergunta. Uso a maneira dos administradores para repetir a pergunta: como está o ambiente externo a UPE no momento em que iremos fazer a nossa campanha salarial? A Sociedade pernambucana, particularmente, concorda de alguma maneira que deve ser provocada a manifestar a sua opinião sobre as condições de trabalho do professor da UPE? E, qual seria a resposta da Sociedade? Seria uniforme ou dependeria de segmentos? Os docentes da UPE devem instigar a Sociedade pernambucana sobre a importância de o professorado ter salário cujo teto (o do professor titular, por exemplo) seja o mesmo do governador do Estado, e os demais escalonados com diferença de 30% entre as classes? A sociedade pernambucana concordaria? É interessante convidar a sociedade para esse debate?
Será que os deputados recentemente eleitos para a Assembleia Legislativa têm opinião sobre esse assunto? Como os convenceremos de que um o professor da UPE precisa de condições dignas de trabalho? E os membros do Governo, principalmente aqueles que compõem o staff principal? O que pensam sobre esse tema?
A essa altura é importante rever os nomes dos deputados eleitos. Quantos são oriundos do movimento sindical? Quantos dos deputados estaduais eleitos entendem de condições de trabalho docente? Entendem a importância de uma Universidade Estadual produtora de profissionais graduados, de atividades de extensão e de pesquisa? Integrada com o sistema estadual de educação? Devidamente apoiada pela FACEPE e pela CAPES/CNPq?
É muito provável que os discursos governamentais e do poder legislativo, bem como do Judiciário, sejam de ressaltar as dificuldades da economia brasileira e pernambucana para justificar a negação de aumento salarial aos funcionários públicos. E se estes não receberem aumento, como aumentar o salário dos professores da UPE?
É muito provável também que a grande mídia oriente e fortaleça o discurso ideológico de que os funcionários públicos não devem receber aumento salarial para não comprometer a responsabilidade fiscal e não provocar aumento da inflação. Esse e outros argumentos economicistas poderão ser muito usados. Todavia, é provável que não sejam usados argumentos para propor a taxação das grandes riquezas, por exemplo.
Se examinarmos atentamente, veremos que o momento atual é muito desafiante. Por outro lado, algumas conquistas, ainda que incompletas, podem nos deixar em uma situação diferente da que vivíamos cinco anos atrás. Parece que não temos mais de simplesmente aceitar uma contraproposta governamental para não perder tudo. De jeito nenhum! Isso aconteceu nesses últimos cinco anos. Agora não precisa se repetir.
Todavia, é importante que estejamos atentos contra “os cantos da sereia”, tais como o de conceder mais gratificações a um determinado grupo em detrimento do conjunto. Ainda que em nossa luta alguns dos pontos de pauta foquem em classes especificas docentes, a luta central é em favor das condições do trabalho do professorado da UPE.
Devemos estar atentos para o fato de que a sociedade pode estar muito interessada em apoiar as reivindicações docentes à medida que saiba o que de fato o professorado produz em sua jornada contratual de trabalho. Nesse caso, entendo que devemos responder satisfatoriamente à sociedade pernambucana, pois de fato é ela quem contribui para que todos tenham com qualidade o ensino, a pesquisa e extensão.
Por fim, importa dizer que se é importante conhecer a conjuntura, por outro, é importante nos organizarmos, base e direção da ADUPE para construirmos uma campanha por condições dignas de trabalho.
Itamar Lages é professor da FENSG e presidente da Adupe