A BEM DA VERDADE – Publicada em 12.07.06
A BEM DA VERDADE
* Roberto Burkhardt
Os pré-candidatos Armando Carneiro e Aurélio Molina, em carta dirigida à UPE –“Carta aberta à comunidade da UPE” – pretendem esclarecer o porquê o atual Reitor retirou o apoio à chapa que eles compõem.
Na qualidade de participante das discussões, ora como militante do movimento sindical, ora como representante da ADUPE, e a bem da verdade, sinto-me na obrigação de rebater a carta que tenta, de forma grosseira, distorcer os fatos. Para tanto, a seguir, argumentarei na ordem em que eles apresentam suas versões.
De início, deve-se ter presente que o Reitor em momento algum manifestou seu apoio a uma chapa composta por esses dois candidatos, portanto, não se pode esclarecer a retirada de um apoio que nunca existiu. Não obstante, testemunharmos que o Reitor sempre teve uma boa convivência com o seu vice.
Se o candidato Armando Carneiro considerava anormal que o Reitor coordenasse um processo de discussão de questões como a apreciação de quadros, perfis, projetos futuros, conjuntura e outras, juntamente com seus pares, representações e lideranças da comunidade universitária, bem como a participação do Reitor nas discussões sobre a sucessão, prática normal e legítima nas ações políticas, porque não se rebelou a tempo, internamente ou mesmo publicamente, denunciando a forma de condução do processo e apresentando propostas? Neste caso, o candidato demonstra, talvez pela falta de uma prática militante, a fragilidade do seu conhecimento respeito à ação política, ficando em evidência uma acomodação que o impediu de realizar ações adequadas para contestar o processo nas mesas de discussão.
Ao se dizer surpreendido pela “imposição do nome do candidato a vice-reitor sem um amplo debate”, o professor Armando peca, mais uma vez, por fazer crítica sem os referenciais necessários para que essa seja responsável.
O professor desconhece que os candidatos nas composições políticas são escolhidos de várias formas. Forças se unem como num partido político e colocam nomes de candidatos atendendo a critérios determinados por programas e projetos, como se faz nas convenções e conferências. Seu nome, como o do professor Reginaldo, surgiram na discussão, de quase dois anos, no entanto o nome do Sr. Carneiro foi colocado como “candidato natural”, tese equivocada, pois, candidatos naturais são próprios apenas nos regimes monárquicos.
O Professor Armando, certamente por não ter acompanhado como deveria as lutas travadas em defesa da UPE, evidencia sua ignorância política quando disse ver uma contradição entre “o discurso e a prática do atual Reitor”. Desconhece que o Reitor, com coragem e desprendimento de quaisquer interesses pessoais, enfrentou, junto com todos os segmentos da Universidade, o rolo compressor do governo no projeto de reforma do estado dirigido pelo atual governador.
Na sua busca de votos, a qualquer preço, equivoca-se, estrategicamente, atacando um Reitor cuja atuação é admirada e ressaltada pela grande maioria da comunidade universitária. Entretanto, o professor Armando sabe muito bem que seu nome como candidato foi apreciado, e posteriormente recusado, para compor uma chapa de um conjunto de forças e lideranças da UPE. Professor Armando nunca se integrou nas discussões, pois preferiu agir por fora convidando pessoas para compor a sua chapa na qualidade de vice, só voltando a procurar o coletivo depois que viu seu nome recusado, propondo-se a aceitar as decisões sem questionamentos.
Professor Armando Carneiro: a sua carta jamais deveria abordar a eleição da Poli, principalmente da forma distorcida em que o Sr. o faz, se contradizendo totalmente. Não sei o que o Sr. Entende por “consenso”. No caso da Poli dá a entender que seria algo em torno da chapa imposta pelo Senhor, pelo qual se pode ler nas entrelinhas da sua “carta”, que ainda não assimilou que as unidades que compõem a UPE há muito deixaram de ser “feudos” e, sendo assim, a Poli não é um feudo do professor Armando Carneiro.
O Sr. se equivoca quando afirma que a disputa entre três chapas na eleição para Diretor da Poli demonstra a falta de unidade na condução da gestão dessa escola. Seria mais apropriado reconhecer que o Sr. compôs uma chapa e estimulou uma segunda para romper a unidade e inviabilizar a releição de um gestor eficiente, honesto, comprometido com os interesses da universidade mas, que contrariava os interesses corporativos do grupo liderado pelo Sr. Vale ressaltar que nessa oportunidade o Prof. Calado saiu vitorioso.
Causa espécie o Sr. tentar responsabilizar o Reitor.
A sua crítica à participação das direções dos vários segmentos de lideranças da comunidade e de pessoas militantes, na eleição da Poli, explicita o seu alto nível de despolitização, intolerável num postulante ao cargo de Reitor.
Todavia, fica patente sua visão paradoxal de que as unidades que compõem a UPE devam atuar isoladas do conpost_content da sociedade.
Devo lembrar-lhe da sua conduta, quando Diretor da Poli, de combate aos justos e legítimos movimentos, como as várias greves reivindicatórias realizadas por professores, servidores e estudantes sem sequer se propor à discussão.
Reclama, ainda, da presença de políticos na eleição da Poli. Pergunto-lhe: o que o Sr. foi fazer no escritório do Deputado Sílvio Costa no mês de Junho recém passado, duas semanas antes de sair uma denúncia vazia sobre as contas da UPE?
O que o Sr. foi fazer no gabinete do governador um dia antes do projeto eleitoreiro “Universidade Democrática”, senão tentar angariar apoio a sua chapa?
Questiona a forma como o Prof. Reginaldo Inojosa foi incorporado à chapa como vice do Prof. Calado e defende o “modo democrático” da escolha do Prof. Aurélio Molina, o homem do discurso progressista travestido de esquerda, cuja prática discrepante pode ser apreciada na gestão como Vice do CISAM. A Profª Veranice que o diga.
Hoje, o Prof. Aurélio Molina se junta às forças mais atrasadas e conservadoras. Bandeou-se insatisfeito por não ter sido contemplado com o apoio do Reitor para a direção da FCM.
Incoerência, carreirismo, oportunismo? Já vimos esse filme!
Professor Armando, Professor Molina: mais respeito à comunidade universitária forjada na luta. A verdade se revela na prática.
* ROBERTO BURKHARDT
Diretor de assuntos sindicais e formação da ADUPE