Entre a cruz e a espada
Coluna JC nas Ruas – Jornal do Commércio
Coluna JC nas Ruas – Jornal do Commércio
A violência em Pernambuco é maior nas ruas ou nos hospitais? Esta semana, houve uma sucessão de fatos que mostram como a população está desprotegida e sem saber a quem apelar. Enquanto se multiplicam os assaltos em semáforos, bancos e paradas de ônibus e mulheres são abatidas como moscas, nas unidades da rede de saúde pública o desamparo também produz dramas e tragédias.
Quem depende do SUS precisa acordar de madrugada ou dormir na porta do hospital para conseguir uma ficha de consulta. Se for um pouco mais afortunado pode pagar para alguém ficar na fila em seu lugar. Se a demanda for pelo atendimento de urgência, corre o risco de morrer na porta do hospital, como a gestante Nadja Maria de Souza. As vagas também nunca são suficientes. No mesmo dia em que 24 leitos foram abertos na emergência cardiológica do Hospital Oswaldo, o setor já estava lotado.
A impressão que se tem é de que o resultado de anos de omissão se manifesta agora, como uma doença agressiva e contagiosa. Entidades da sociedade civil começam a se mobilizar para exigir ações de segurança. Que também incluam na agenda a luta por um tratamento mais digno à população carente, pois quem sobrevive às balas, em Pernambuco, pode morrer por falta de atendimento médico.