VIOLÊNCIA – Manifesto vai pedir providências ao governo
Os protestos contra a violência em Boa Viagem chegam hoje ao Palácio do Campo das Princesas. Às 11h30, representantes de entidades da sociedade civil organizada entregam aos secretários do Gabinete Civil, Lúcia Pontes, e de Defesa Social, João Braga, um manifesto. O documento elaborado ontem à noite pede o reforço policial e a melhoria no sistema de iluminação do bairro. O grupo também levará o documento à Prefeitura do Recife.
A elaboração do manifesto foi encabeçada pelos amigos do psicanalista Antônio Carlos Escobar, mas teve a adesão de várias entidades. E se transformou em um lugar de críticas à atuação do estado. “A morte de Escobar demonstra o descaso para com a segurança”, criticou o presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), André Longo. O mesmo fez o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seção Pernambuco, Júlio Oliveira, que questionou a eficiência da Lei Seca e o modelo de segurança. “O crime apenas mudou de horário”, argumentou.
Cerca de cem pessoas de diversas entidades participaram dos debates para elaboração do manifesto. Nas cerca de duas horas de debates também se incluiu a preocupação dos governos investirem em ações sociais. A médica René Patriota, da Aduseps, foi além. Segundo ela, a sociedade não deveria apenas culpar os criminosos, mas buscar entender as causas deles serem assassinos. “Conhecer os lugares onde eles moram”, disse. A afirmação dividiu as pessoas que participavam dos debates no auditório do Simepe.
O psicanalista Antônio Carlos Escobar, fundador da Sociedade Psicanalítica do Recife, foi assassinado no começo da noite do último sábado ao tentar evitar um assalto num cruzamento do Pina. Ele dirigia o carro, acompanhado de sua mulher, a psicóloga Teresa Cavalcanti.
Fonte: Diário de Pernambuco 21/12/2005