Ministros entregam projeto ao Congresso – Publicado em 03.03.2005

BRASÍLIA – Depois de terem sido evitados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e de esperarem por quase duas horas pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, os ministros Ricardo Berzoini (Trabalho) e Aldo Rebelo (Articulação Política) entregaram ontem formalmente ao Congresso a reforma sindical. A proposta é resultado de dois anos de debate no Fórum Nacional do Trabalho (FNT) – instância formada por governo, trabalhadores e patrões – e no Executivo.

Apesar do consenso em torno das linhas gerais, há pontos divergentes que levarão ao enfrentamento empregados e empregadores. O principal ponto da disputa será a organização no local de trabalho. O dispositivo foi incluído no post_content pelo governo e é defendido pelas centrais sindicais como um dos pilares da reforma. Representantes dos empregadores já avisaram que tentarão mudar a regra.

“A organização no local de trabalho é a raiz de um movimento sindical legítimo”, declarou o presidente da CUT, Luiz Marinho. “Esse é o principal avanço da reforma”, acrescentou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

Entre as principais mudanças previstas da reforma estão: fim da unicidade sindical, criando competição entre os sindicatos, substituição do imposto sindical e demais contribuições pela contribuição negocial, cobrança anual que poderá chegar a 13% do salário do trabalhador, e fim do poder normativo da Justiça do Trabalho.

O atraso deixou impaciente os sindicalistas que lotava um auditório da Câmara onde aconteceria o ato de entrega. Em coro, os sindicalistas gritavam: “Severino, cadê você? Eu vim aqui para a reforma acontecer”. Por causa da demora, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, foi embora sem participar do evento.“Eles preferem discutir o aumento de salário à reforma sindical”, criticou Paulinho. Renan e Cavalcanti estavam reunidos discutindo o aumento salarial dos parlamentares. Ao chegar ao auditório, Cavalcanti foi vaiado por sindicalistas. “Quero pedir desculpas pelo atraso. Mas hoje para mim é um dos maiores dias da minha vida. Quem diria que eu seria o mensageiro, recebendo do ministro essa missão de fazer com que os sindicatos brasileiros sejam realmente sindicatos”, discursou Cavalcanti.

Fonte: Jornal do Commércio

Tonny
Author: Tonny

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