UPE unida na defesa do Centro de Formação Paulo Freire, do Assentamento Normandia, em Caruaru
Entidades representativas da Comunidade Acadêmica da UPE (DCE, Sindupe e Adupe), os dois Conselhos Superiores (CONSUN e CEPE) e a gestão da UPE manifestam-se contra a ação de despejo e se solidarizam ao movimento de resistência.
A tentativa de extinção de uma experiência concreta de educação e de formação em benefício da coletividade é inaceitável e precisa ser combatida. Esse é o entendimento da comunidade universitária da Universidade de Pernambuco ao repudiar o pedido de reintegração de posse, feito à justiça, pelo Incra, da área onde está instalado o Centro de Formação Paulo Freire, no acampamento Normandia, em Caruaru.
Unindo-se às entidades de representação dos estudantes (DCE), dos professores (Adupe), dos servidores (Sindupe) e à Reitoria – que já haviam publicado nota condenando a ameaça ao Centro de Formação Paulo Freire – o Conselho Universitário (CONSUN) e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UPE aprovaram, em reunião conjunta realizada na quinta-feira passada (26/09), nota de repúdio à tentativa de desocupação da área.
O Centro de Formação Paulo Freire é também campo de estágio e ações de ensino, pesquisa científica e extensão universitária da UPE. A sua extinção, como requerido na Justiça Federal, significa a interrupção de vários programas de formação que ali vêm sendo executados pela Universidade. Veja abaixo mais detalhes sobre a contribuição da Universidade para a Educação no Campo.
Participação da UPE
A Universidade de Pernambuco vem contribuindo para a formação e a capacitação de Educadores do Campo com a realização de cursos de graduação e de especialização para assentados da Reforma Agrária, mediante convênio com o INCRA através do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA). No sábado passado (28 de setembro), por exemplo, realizou-se, no Campus Mata Norte, na cidade de Nazaré da Mata, a prova de vestibular para o Curso Superior de Licenciatura em Geografia.
Por outro lado o centro de formação é campo de estágio para cursos de graduação e pós-graduação em atividades de ensino, pesquisa e extensão universitária. Por exemplo: a Residência Multiprofissional em Saúde da Família, com ênfase na Saúde das Populações do Campo desenvolve suas atividades teórico-práticas naquele espaço de formação.
Estudantes de graduação, de especialização, de mestrado e de doutorado fazem Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), Monografias, Dissertações e Teses com temas relativos à educação no campo. A tese intitulada “Educação do Campo: da resistência à alternativa: narrativas biográficas dos educadores do campo do Brasil e do meio rural em Portugal” tem sua defesa programada para novembro deste ano na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, em Portugal.
É assentada nesta tríade acima descrita que a UPE considera o Centro de Formação Paulo Freire como um espaço necessário para o desenvolvimento de suas atividades, reforçando o seu papel institucional como uma universidade que tem compromisso social com Pernambuco e com sua população, do campo à cidade.
Conheça algumas ações desenvolvidas pela UPE no Assentamento Normandia
1. CURSOS DA UPE COM ATIVIDADES NO CENTRO DE FORMAÇÃO PAULO FREIRE (CFPF), EM NORMANDIA.
Pós-graduação, lato senso
• Residência Multiprofissional em Saúde da Família, com ênfase na Saúde das Populações do Campo. Coordenada pela FENSG. Todas as atividades teóricas são desenvolvidas no CFPF. Atividades prático-assistenciais em saúde são prestadas pelos 20 residentes na agrovila de Normandia mediante ações individuais das 11 profissões da área da saúde (entre elas Enfermagem, Odontologia e Fisioterapia) e coletivas (vacinação de crianças e idosos) e vigilância sanitária (qualidade da água).
• Residência Multiprofissional em Saúde da Família – Coordenada pela FCM, ministra uma disciplina de 20 horas no CFPF e oferece estágio de 240h.
• Residência Multiprofissional em Saúde Mental – Coordenada pela FCM, ministra em disciplina de 12 horas, no CFPF e oferece estágio de 240h
Graduação
• Curso de Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas. Disciplina de Participação Social e Saúde e Disciplina de Educação Popular em Saúde.
• Curso de Licenciatura em História do Campus Garanhuns. Disciplina de Prática de Ensino em História e Disciplina de História e Movimentos Sociais.
2. CURSOS OFERECIDOS PELA UPE EM CONVÊNIO COM O PRONERA/INCRA
• Curso de Licenciatura em Pedagogia com ênfase na Educação do Campo (Pedagogia da Terra). Dois cursos realizados pelo Campus Petrolina e um Curso pelo Campus Mata Norte (Nazaré da Mata). Tem mais um curso aprovado para a Mata Norte, esperando liberação de recursos.
• Curso Superior de Licenciatura em Geografia, oferecido pelo Campus Mata Norte (Nazaré da Mata), em andamento.
• Curso de Formação de Alfabetizadores de Jovens e Adultos. Realizado pelo Campus Petrolina e pelo Campus Mata Norte (Nazaré da Mata).
• Curso Normal Médio para Educação Básica. Realizado pelo Campus Mata Norte (Nazaré da Mata).
• Curso de Especialização em Gestão da Educação do Campo (Pós-graduação lato senso). Aprovado para o Campus Mata Norte, esperando liberação de recursos.
Saiba mais sobre o Centro de Formação Paulo Freire
O Centro de Formação Paulo Freire é alvo de ordem de reintegração de posse solicitada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e pela Advocacia Geral da União (AGU). A determinação de despejo foi inesperada e incompreensível, uma vez que se trata de um espaço cultural inaugurado em 1999, sob a orientação do próprio INCRA, para funcionar como centro coletivo de formação e capacitação dos assentados pela reforma agrária em Pernambuco.
Esse objetivo vem sendo cumprido com êxito desde então, pois ali são realizados cursos que vão do ensino fundamental às oficinas de agroecologia e veterinária, através de parcerias com várias universidades, entre elas a Universidade de Pernambuco, conforme explicitado no texto acima.
Em ato de resistência à tentativa de desocupação, desde o dia 14 de setembro, agricultores acampados e assentados de todas as regiões do estado montaram suas próprias cozinhas coletivas e estão participando de atividades políticas e culturais. O acampamento permanecerá por tempo indeterminado, mantendo aproximadamente 1.400 pessoas, segundo organizadores.