Interiorização sim, mas com qualidade
Com aula inaugural da presidente Dilma Roussef e do governador Eduardo Campos, foi instalado oficialmente, na terça-feira passada (30/08) o curso de Medicina da Universidade de Pernambuco em Garanhuns.
Para comportar o novo curso foi erguida uma nova estrutura anexa ao prédio da Faceteg, com três pavimentos e 16 salas de aula. Cerca de 3,6 milhões de reais foram investidos na construção do prédio, instalações, mobiliário e equipamentos. O governador disse ainda na ocasião que, até o final do ano, Serra Talhada será o próximo município fora da Região Metropolitana a oferecer o curso de medicina.
Interiorizar o ensino superior é uma medida importante. Proporcionar aos jovens do interior do estado a possibilidade da formação superior significa mudar a sua realidade e a do lugar em que ele vive.
No entanto, uma ressalva importante deve ser feita ao se levar em conta a forma como a implantação de novos cursos vem sendo feita na Universidade de Pernambuco. Como se sabe, no nosso caso, a abertura de novos cursos não vem sendo acompanhada da estrutura necessária ao seu funcionamento. Exemplos não faltam para essa afirmação. Que o digam os recentes processos de instalação de cursos nos campus de Caruaru (Facitec), Salgueiro (Facites) e o próprio curso de Medicina em Garanhuns (Faceteg).
Além das deficiências decorrentes das instalações inadequadas (como é o caso da Faculdade de Ciência e Tecnologia de Caruaru – FACITEC, que funciona dentro de um centro comercial), o problema maior reside justamente na forma de contratação do corpo docente, via seleção simplificada.
No curso de Medicina da Faceteg, por exemplo, 9 dos 15 professores são substitutos, com contratos temporários. De acordo com a coordenadora de Atenção Primária à Saúde do curso, Régia Leite, em termos de instalações não há o que reclamar. “As salas de aula, laboratórios e biblioteca são adequados. No entanto, poderemos ter problemas futuros, pois a maioria dos nossos professores são temporários. O ideal é que o nosso quadro fosse de professores efetivos, que além do ensino se dedicam à pesquisa e à extensão”. Destaca.
Para a ADUPE, a abertura de novos cursos pela UPE é bem vinda, mas deve ser precedida de todas as ações necessárias ao seu funcionamento, principalmente no tocante à contratação de professores e servidores por meio de concurso público e regime estatutário.