ACORDA UPE – Artigo de Roberto Burkhardt
Roberto Burkhardt*
Tivemos uma experiência no apagar das luzes do governo Jarbas que, parece-nos, não serviu de nada para orientar nossa ação atual. A adupe participou ativamente na solução dos problemas em Petrolina causados pela ação açodada na implantação do curso de Enfermagem, quando na ânsia de atender os objetivos políticos do governo com seu discurso de interiorização. O resultado foram instalações precárias e falta de condições para o funcionamento, fato que se prolongou por mais de um ano.
O problema motivou a revolta dos alunos e professores, sendo necessário o envolvimento do DCE e ADUPE para resolver a situação. Outro exemplo são os cursos de Caruaru e Salgueiro. Pergunta-se: a Universidade cumpriu as determinações do governo Jarbas e quais as conseqüências?
Na conjuntura atual temos um governo que, bem intencionado, busca a interiorização com o objetivo de enfrentar os problemas nas áreas da educação e, consequentemente, do desenvolvimento, tendo como interlocutor com a Universidade um secretário de Ciência e Tecnologia que tem demonstrado a determinação de priorizar o fortalecimento da UPE, reconhecendo a importância que ela representa como fator de desenvolvimento para o estado de Pernambuco.
Resta à UPE exigir uma prática coerente com o discurso bonito. Não assumir tarefas sem a estrutura necessária para cumpri-las. Mostrar ao governo que, com baixos salários e condições precárias de trabalho seus professores não podem cumprir o grande objetivo. Caso atenda ao governo nas circunstâncias atuais estará criando problemas que vão refletir na qualidade da formação.
Na edição de 06/08/2011 do Jornal do Commercio, o nosso reitor nas entrelinhas escancara o problema da UPE face à execução da tarefa imposta. Mostra a precariedade das condições para o atendimento. Fisionomia tranqüila, sorriso aberto demonstrando confiança no enfrentamento dos problemas.
Gostaria de vê-lo de fato com a fisionomia fechada e os sulcos na testa demonstrando a sua preocupação com o que se avizinha. A história não se repete, mas já vimos este filme. Seleção Simplificada significa a precarização do trabalho. Professores temporários dificilmente renderão o esperado.
Sentimos que o nosso reitor, que goza da confiança e apoio de grande maioria da comunidade, não concorda com a forma usada. É preciso que ele confie nas representações organizadas na luta pela qualificação da UPE e reaja à altura. É preciso que o Conselho Universitário tome posição e elabore um documento de repúdio à forma como se implantam os cursos nos municípios do interior (sem instalações adequadas, sem professores e sem servidores) e exija o concurso público para o preenchimento de vagas na maioria das unidades.
A comunidade tendo à frente a ADUPE, o SINDUPE, DCE, ASUPE e todos os Diretórios acadêmicos, irão às ruas para mostrar sua indignação pela forma leviana de tratar a Universidade patrimônio do povo.
* Diretor de Impresa da Adupe