Lançada a Frente Pernambucana em Defesa da Universidade Pública
Foi lançada ontem, terça-feira (19/12/2017) a Frente Pernambucana em Defesa da Universidade Pública. O evento aconteceu por ocasião do seminário Ciência sem Cortes, realizado no auditório da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (ADUFEPE), na Cidade Universitária, em Recife.
A Frente Pernambucana em Defesa da Universidade Pública tem como objetivo ampliar o debate sobre os cortes nos orçamentos das instituições de ensino superior públicas. Integram a Frente entidades do movimento sindical (entre elas a ADUPE), populares, estudantis e sociais, além da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).
O presidente da Seção Sindical dos Docentes da Universidade de Pernambuco, José Luiz Alves participou do ato de lançamento da Frente.
SEMINÁRIO
O ato de lançamento da Pernambucana em Defesa da Universidade Pública foi precedido do seminário Ciência sem Cortes, durante o qual foram debatidos os ataques do Governo Temer à Ciência e Tecnologia e as conseqüências para as universidades públicas e para a pesquisa científica no Brasil.
Participaram como debatedores o presidente da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE), Abrahan Sicsu e a professora Fernanda Sobral, conselheira da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
O representante da Fundação pernambucana mostrou os impactos da crise para os estados. “A lógica atual é repassar para os estados a responsabilidade”, afirma Sicsu afirmando que os estados periféricos dependem fortemente de repasses federais.
Sicsu apresentou a dura realidade vivenciada pela ciência no Brasil atualmente. Ele destacou dois instrumentos que representam os ataques à C,T&I: A PEC dos gastos (PEC 55) e o relatório do banco mundial que fez análise dos gastos do governo. Tanto a PEC quanto o relatório apontam como alternativas a limitação dos gastos por aluno nas universidades e introdução de tarifas. “O que se propõe é transformar nossas universidades em escolas de terceiro grau” comentou o palestrante. Para ele, o objetivo é desmoralizar avanços na área da educação e interiorização universitárias. “Ao reduzir as verbas desta área se desconstrói tudo que foi alcançado.
Do progresso ao contingenciamento
Utilizando dados atuais, a professora Fernanda Sobral trouxe um histórico da situação da Ciência e Tecnologia no Brasil. Primeiro ela mencionou os progressos desde o fim da década de 90, com avanços em áreas como automação, agricultura, aeronaves, celulose etc. Esse sucesso veio como conseqüência de fatores fundamentais como a criação de agências de fomento, o crescimento dos programas de pós-graduação, a criação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (atualmente fundido com o ministério de comunicações) e outros. Também citou marcos políticos como o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CNCT) e o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação 2011-2014 (PACTI).
Depois, a professora da UNB mostrou sobre a realidade atual. “E agora? Tempos de instabilidade e contingenciamento de recursos”, alertou. Os cortes de orçamento ameaçam reverter os resultados alcançados nos últimos 10 anos. Dados trazidos pela palestrante mostram quedas desde 2015. Além de redução de 19,5% no orçamento geral, agências de fomento como a CNPQ sofreram redução de 11,13%. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) fundação ligada ao MEC, sofreu redução de 19,85%. As conseqüências dessas reduções foram a queda da produção cientifica em 2017 e a queda na produção de artigos científicos. “R$ 40 bilhões em C, T & I contingenciados em 11 anos. Isso é um absurdo” disse a professora.
Com informações da ADUFEPE