Professores da UPE decretam greve por tempo indeterminado
Professores da UPE decretam greve por tempo indeterminado
Categoria quer aumento de 24,38% e modificações na dedicação exclusiva.
Docentes também se posicionam contra a PEC 241 e a reforma do ensino.
Do G1 PE
Alunos estão acampando no prédio da UPE, no Recife (Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)
Professores decretaram greve e, assim como os alunos, estão contra a PEC do teto dos gastos públicos (Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)
Os professores da Universidade de Pernambuco (UPE) decidiram entrar em greve, após assembleia realizada nesta sexta-feira (28), no Centro do Recife. A categoria solicita um reajuste salarial de 24,38% e que dedicação exclusiva deixe de ser paga como gratificação. Outro motivo da greve é a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que estabelece o teto de gastos do governo federal em até 20 anos.
O projeto, aprovado em segunda votação na Câmara dos Deputados, na terça-feira (25), vai ser apreciado no Senado, onde tramitará como PEC 55. "É uma grande pauta, mas o principal motivo é a PEC 241 e a medida provisória 746, da reforma do ensino médio. Estamos também parando por questão da campanha salarial. A gente está há dois para três anos sem recompor as perdas salariais, desde o decreto de contigenciamento do governo. Estamos com 20,18% de perdas. Então, pedimos um reajuste 24,38%, para termos um ganho real", explicou ao G1 pelo telefone o presidente da Seção Sindical dos Docentes da Universidade de Pernambuco (Adupe), Sérgio Galdino.
Ele informou também que a categoria deve aderir à paralisação do dia 11 de novembro, quando será realizada uma nova assembleia sobre a greve. Ainda de acordo com Galdino, o diálogo com o governo estadual acontece desde março e resultou na implementação de alguns pontos, mas outros seguem em aberto. "Queremos que a dedicação exclusiva seja uma questão de carreira, não apenas uma gratificação", explica o professor.
O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Administração de Pernambuco, mas ainda não recebeu a resposta sobre o assunto.
Alunos contra a PEC
Também contrários à PEC, alunos da Universidade de Pernambuco (UPE) montaram acampamento no campus de Santo Amaro, na área central da capital, que sedia a Faculdade de Ciências Médicas (FCM), a Escola Superior de Educação Física (Esef), o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e a Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (Fensg).
Das quatro unidades de ensino, os estudantes apenas não ocupam a FCM.O protesto ocorre desde a quinta-feira (20), quando cerca de 60 estudantes iniciaram um acampamento no prédio da Reitoria da instituição estadual, que foi desocupado na quinta-feira (27). Ainda há registro de ocupações em outros campus da universidade como em Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte, Palmares, na Zona da Mata Sul, e Petrolina, no Sertão.
Estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) também ocupam prédios do campus localizado na Cidade Universitária, na Zona Oeste do Recife. Desde o final da quinta-feira (27), o Centro de Artes e Comunicação (CAC) foi ocupado pelos alunos. De acordo com a assessoria de imprensa da universidade, o Centro Acadêmico do Agreste também foi ocupado desde a noite da quinta-feira. A ocupação na UFPE já havia aumentado na noite da terça-feira (25), quando um grupo de alunos fecharam o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), onde as aulas estão suspensas desde então.
Antes, os estudantes estavam apenas no Centro de Educação (CE), onde permanecem desde a segunda-feira (24). Nessa mesma data, teve início a ocupação no campus de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco, onde os alunos estão concentrados em um auditório, sem prejudicar a realização das aulas.
PEC 241
A PEC 241 estabelece que as despesas da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) só poderão crescer conforme a inflação do ano anterior. Pela proposta, a regra valerá pelos próximos 20 anos, mas, a partir do décimo ano, o presidente da República poderá propor uma nova base de cálculo ao Congresso.
Em caso de descumprimento, a PEC estabelece uma série de vedações, como a proibição de realizar concursos públicos ou conceder aumento para qualquer membro ou servidor do órgão.
Inicialmente, a Proposta de Emenda à Constituição estabelecia que os investimentos em saúde e em educação deveriam seguir as mesmas regras. Diante da repercussão negativa e da pressão de parlamentares aliados, o Palácio do Planalto decidiu que essas duas áreas deverão obedecer ao limite somente em 2018.