Manifestações populares como ferramenta de reivindicações sociais: entre a oportunidade e o oportunismo
Por: Marcílio Souza Júnior*
Estamos vivendo, conversando e acompanhando pela mídia televisiva uma mobilização social há tempo não vivida no Brasil, pelo menos nestas proporções. A que mais lembramos estava em pauta o impedimento do presidente Fernando Collor, que hoje, reavaliando, não era apenas ele, mas do seu projeto biônico que se voltou contra seus próprios apoiadores "anti-marajás".
Mas agora… o que está em pauta? Movimento Passe Livre (MPL)? Uma causa importante para se pensar de fato num transporte público. Principalmente numa época de grande dificuldade de mobilidade urbana, mais ainda por que as cidades-sede das copas expõem o que já vivem no caos para deslocamentos, inclusive aos jogos, e melhor ainda quando somos vitrine pelos eventos esportivos. Entretanto, será que está em pauta a revogação de aumento em centavos da passagem? E olhe que, com "10 centavos não se compra nem um DUDU" (Cartaz exposto na manifestação de 20/06/13 – Recife – PE).
Hoje vi o movimento do Recife, pacífico, justo, engajado – do Derby ao Marco Zero. Belíssimo, cheio de reivindicações sociais contra uma história de dominação e privilégio de poucos. No entanto a TV só mostra a pancadaria, o vandalismo, em frente as sedes públicas. Estou preocupado com a possibilidade de infiltração e manipulação da pauta do movimento por grupos de direita.
Isso tudo é por conta de aumento de passagens? É pelo acúmulo de insatisfações com os nossos governantes? É pelas contradições sociais hoje presentes em nosso país? Ou há um clima de oportunidade e oportunismo? Oportunidade dos movimentos exporem suas bandeiras reivindicatórias? Ou oportunismo leviano de incitar a população contra o poder público, em especial a segurança social, para terem/ganharem dividendos políticos com a tentativa de "fragilização" dos governos? Será que podemos chegar a uma justificativa para mandar o exercito à rua? Quem conhece a história s abe que vivemos um golpe do golpe.
Sempre participei de movimentos e a política partidária estava presente, ainda que nas disputas, mas reivindicando uma vida melhor. E nunca vi, em anos que vivenciei este tipo de movimento e pauta, bandeiras do DEM, PSDB, PFL, ARENA… Por que agora não permitir neste movimento as bandeiras e suas causas?
Por que a TV, em especial a Rede Globo, está deixando de lucrar milionariamente com as telenovelas e o mercado esportivo da copa para o tempo inteiro mostrar o lado tenebroso dos oportunistas do terror público? Vamos pensar…
Cuidemos de nosso pais, pois o Brasil é do povo, mas também deve ser pelo povo e para o povo, e olhe que devemos desconfiar do americanismo… Fiquemos atentos às reivindicações com um discurso "ordeiro e progressista" que quer um governo de poucos, por poucos, para poucos.
Confesso que estou assustado com o vandalismo aparentemente presente em "protestos", mas também com o vandalismo da mídia "bigbrodiana" que edita imagens e produz post_contents com intenções de desestabilizar governos.
* Marcílio Souza Júnior é professor da Escola Superior de Educação Física – UPE