UPE – Democracia hoje e sempre/ARTIGO

Josualdo Menezes*

Democracia na UPE para que? Para desenvolver a cidadania crítica e responsável. Esse é um dos muitos objetivos a serem perseguidos entre tantos outros que não enumerarei aqui, pois o objetivo do presente artigo é fazer algumas reflexões em torno daquilo que denomino de velha tradição.

É com o axioma democracia – e em seu nome – que inicio meu pensamento em torno do atual momento de pré-clima de eleição para Reitor e Vice da UPE.

Podemos dizer que o Professor Roberto Burkhardt foi muito feliz em seus artigos aqui publicados. Os artigos servem para que a comunidade acadêmica que constitui a universidade de Pernambuco–UPE, reflita bem sobre a escolha que teremos de fazer dentro de mais alguns dias. Dito isto, espero contribuir com o que passarei a discorrer. Iniciarei me referindo às “forças” às quais o caro colega Roberto se refere em seus post_contents.

Primeiro, falemos daquela que se diz representar os maiores interessados nos destinos da UPE – os estudantes, para em seguida falarmos um pouco daquilo que qualifico aqui por velha tradição. Os estudantes, pois bem, essa parcela da comunidade acadêmica encontra-se hoje dividida, fracionada. Muito mais que outrora. E não é por causa de preferência por chapa “a”, “b” ou “c”. As razões são históricas e culturais. Uma fração dos estudantes encontra-se mergulhada em abissal alienação política, seu parâmetro de Universidade é a universidade de resultados. É aquela universidade para distribuir diplomas a um seguimento da sociedade que pensa “eu quero me dar bem”. Outra parcela desacredita nos procedimentos políticos dos colegas que dizem fazer militância. Por fim, fatia ainda menor deles se apropria das entidades estudantis e as aparelham como extensão de partidos políticos, refletindo negativamente no movimento estudantil. Se é que podemos admitir que ele ainda exista.

Esse quadro não deve passar desapercebido por um professor, nem mesmo entre aqueles que tenham o mínimo de interesse na movimentação política dos estudantes. Essa situação abre espaço, na atual conjuntura, para que grupos que classifico como velha tradição (não muito simpática à democracia) movimentem-se utilizando essa idéia para sufocá-la. Ela está aí – a velha tradição – postulando entrar na disputa. Tem todo direito.

O Brasil, em que pesem todos os contrastes desfavoráveis, conquistou a democracia a duras penas. Assegurou direitos políticos a qualquer cidadão de entrar na vida pública. Nesse sentido a UPE, como instituição do povo de Pernambuco, democraticamente assegura esse princípio.

A disputa que hora se inicia refletirá, é bom que se diga, a situação do quadro majoritário das eleições nacionais de outubro onde a disputa vai ser aguerrida. Mas atenção, é preciso que fiquemos atentos ao aparecimento dos Exércitos de Brancaleone que estão a solta. São essas tais “forças” a que o Professor Roberto se refere, a velha tradição.

A democracia na UPE não pode servir ao retrocesso, nem pode dar lugar a atitudes que estimulem a prática do “feudo” – em fase terminal – no seu intra-muros.

Os Exércitos de Brancaleone estão a se reunir em alvoroço com toscos e moribundos para lutar com as armas da velha tradição. A UPE se renova, ainda que a velha tradição tente cooptações para frear os avanços. A conquista da autonomia da UPE,  acredito esteja mais perto e significará o enterro do cadáver ainda insepulto da velha tradição.

A democracia não pode ser utilizada para fazer valer o corporativismo, muito menos para justificar o ditado popular: uma mão lava a outra. Temos que avançar e extirpar os restos de feudos ainda existentes no âmbito da UPE. Os Exércitos de Brancaleone que gravitam em torno da velha tradição devem respeitar os princípios da democracia. Para isso a ADUPE estará vigilante na defesa dos princípios democráticos que valerão na disputa que se avizinha.

Uma universidade democrática não compactua com práticas da velha tradição, não abdica da sua natureza pública, gratuita, laica e defende os interesses da nossa sociedade. Não pode ser lugar de enriquecimento pessoal. É hora de ultrapassarmos essas e outras práticas antidemocráticas da velha tradição. UPE, democracia hoje e sempre.

*Josualdo Menezes é professor da FFPG e Diretor de Imprensa da Adupe

Tonny
Author: Tonny

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