As eleições para reitor da UPE – Parte II – Publicado em 09.05.2006
*Roberto Burkhardt
As pessoas, os grupos, as “forças organizadas” em torno de suas representações se movimentam. É o aquecimento prévio para a disputa pela Reitoria da Universidade de Pernambuco. A Universidade entra na fase estimulante dos debates em torno de projetos e propostas e todos, sem exceção, deverão se preparar para participar efetivamente de momento tão importante. Temos que atuar na perspectiva de avanços, de um modelo de universidade que atenda às necessidades de um determinado projeto de sociedade. Para atuarmos teremos que nos apropriar de certo nível de conhecimento que nos permita tomar posição crítica na escolha dos nossos gestores.
É importante que resgatemos a história da UPE desde os tempos da “velha FESP”, quando nossas unidades eram dispersas e isoladas e seus dirigentes nomeados e alguns tratavam as unidades como seus “feudos”. Ainda hoje, talvez involuntariamente, em seus discursos alguns se referem à Universidade como “nossa casa”. Resquícios do passado? Durante a época negra da ditadura, alguns visitaram regularmente a 2ª Seção do IV Exército para apontar professores, alunos e funcionários “subversivos”. É importante que os que viveram essa fase relatem aos que chegaram depois, para que comparem e vejam quanto a UPE mudou. Também como foi possível a mudança.
Para entender temos que contextualizar com as mudanças na sociedade. Exemplos: a derrubada da ditadura; a organização das nossas associações e sindicatos (ADUPE, SIDUPE, AFHUOC) e DCE, levando à conquista da escolha nos nossos gestores pelo voto paritário (1ª Universidade Pública no Brasil); as greves por condições dignas; as ocupações para impedir a posse de reitores indicados.
Além de conhecer a história, e analisando-a criticamente, identificar as lideranças, as atuações dos que estavam presentes na luta. Os que permaneceram nos seus “casulos” e se acomodaram e os que lutaram pelas mudanças. Teremos que olhar de frente para aqueles que vão expor a sua história e apresentar as suas propostas nas mesas de debate, observando a coerência entre o discurso e a prática.
A polarização, referenciada em bases filosóficas e políticas, exige que seja identificada a opção por um determinado projeto histórico (modelo de sociedade). Teremos que optar pela dicotomia, atraso ou avanço, identificar quais as forças que predominaram na aliança do candidato: se as progressistas ou as conservadoras retrógradas e atrasadas. Identificar se o projeto pessoal do candidato atropela o projeto coletivo. Que forças externas os apóiam, se aquelas que defendiam e ainda defendem a transformação da universidade, com sofismas para mascarar a privatização, ou aquelas que, ao nosso lado, nas nossas trincheiras com a Reitoria, a Adupe, o Sindupe o DCE e a Afhuoc – representando a maioria da universidade – resistiram tenazmente.
Identificaremos aqueles que estiveram e estão comprometidas com o projeto neoliberal, com os ditames do FMI. Tentaram e tentam transformar a universidade numa banca de negócio para venda da educação e numa empresa aonde alguns privilegiados ganhem mais alguns trocados.
É chegada a hora de dar continuidade a um projeto que já se iniciou. Cabe-nos promovermos o avanço construindo a universidade do futuro, pública, gratuita, laica e socialmente referenciada.
*Roberto Burkhardt é Diretor Sindical da Adupe